Presidente do Conass prevê forte pressão sobre o sistema de saúde do país: ‘Teremos seis semanas muito difíceis’

O presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) e secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, afirmou nesta quarta-feira (17), que prevê forte pressão sobre o sistema de saúde do país nas próximas seis semanas, devido ao aumento do número de internações por Covid-19.

Na terça (16), o Brasil registrou novo recorde de mortes por coronavírus: 2.798, segundo dados do consórcio de imprensa. UTIs estão lotadas em 24 estados e no Distrito Federal.

Ao G1, Carlos Lula explicou que a situação crítica nos hospitais do país pode se estender por todo o mês de março até as duas primeiras semanas de abril. Ele alerta que já há registro de mortes de pacientes com Covid-19, em filas de espera por leitos no sistema de saúde do país, principalmente na região Sudeste.

“Com o nível de ocupação dos leitos, que nós estamos tendo no atual momento, a gente começa a perder pacientes na fila. Isso tem acontecido, sobretudo, no sudeste do país, que são os maiores sistemas de saúde do Brasil. Essa situação ainda deve se agravar. A gente continua com o sistemas lotados, com a fila muito grande, eu acredito que nós teremos seis semanas muito difíceis, até meados de abril”, disse.

O secretário disse que há uma previsão, de que nas próximas semanas, o estado de São Paulo possa atingir 100% de ocupação de leitos para Covid-19. Nesta quinta-feira, a ocupação geral de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nas redes pública e privada chegou a 89,9% no estado e em 90,6% na Grande São Paulo.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou na terça-feira (16) que o Brasil passa pelo “maior colapso sanitário e hospitalar da história”. O monitoramento divulgado pela instituição aponta que 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Sistema Único de Saúde (SUS) iguais ou superiores a 80%.

Além disso, 15 estados estão com taxas de ocupação de UTIs iguais ou superiores a 90%. Entre as capitais, 25 estão com taxas de ocupação das UTIs superiores a 80%; entre elas, 19 têm a taxa acima de 90%.

Para o presidente, a expectativa é que as internações e mortes por Covid-19 comecem a cair a partir do mês de maio, com o início da vacinação do público acima de 60 anos. Segundo Lula, esta é a faixa-etária da população que mais se interna, por conta de complicações causadas pelo novo coronavírus.

“A partir de maio eu acho que o número de óbitos vai cair consideravelmente. Porque a gente vai atingir um público para vacinar, que é o público que mais se interna, a população acima de 60 anos. Então, eu acredito, que até o final do mês de abril a gente vacine todo mundo nesse público ou acima disso, o número de internações de óbitos e internações deve cair”, completou.

Aumento de leitos

O Conass diz que há uma preocupação com a demora na expansão de leitos para a Covid-19. O conselho afirma que neste momento, deve haver uma reunião entre todos os estados e uma atenção maior por parte do Ministério da Saúde, ao tentar prover esses insumos.

“E de outro lado, tentar expandir leitos. A gente precisa de uma reunião de todos, para expandir leitos e ver o que é indispensável nesse momento. Vai faltar kit intubação no país, vai faltar monitor, vai faltar bomba de infusão e o Ministério da Saúde tem que tentar prover isso”, disse Carlos Lula.

Elogios ao novo ministro

Carlos Lula elogiou a escolha do presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga, para Ministério da Saúde. Ao G1, nessa terça-feira (16), ele classificou o novo ministro como uma pessoa ‘ponderada’.

“O doutor Marcelo Queiroga ele é amigo de muitos secretários. Ele é cardiologista, uma pessoa ponderada, uma pessoa que tem bom trânsito com todos os lados da política no país e parece que foi uma boa escolha. Eu espero que ele tenha sucesso na empreitada dele. Vamos esperar quais serão as providências que ele vai tomar”, disse Carlos Lula.

Foto: Márcio Sampaio.