O Ministério Público Federal (MPF) abriu um procedimento administrativo para acompanhar os impactos que o fechamento de unidades da Ford no Brasil. Além da fábrica em Taubaté (SP), serão desativadas as plantas em Camaçari, na Bahia, e em Horizonte, no Ceará.
Segundo o G1, o procedimento foi instaurado pela Câmara de Consumidor e Ordem Econômica da promotoria federal. O objetivo é coletar, sistematizar e tratar os dados ou informações técnico-jurídicas que possam subsidiar possíveis medidas a serem adotadas pelo MPF.
Para justificar a abertura do procedimento, o MPF avaliou que “os possíveis impactos prejudiciais ao setor industrial do país decorrentes do encerramento das atividades de fabricação de veículos no Brasil, como o anunciado pela empresa Ford, capazes de provocar a redução dos níveis de renda e emprego nacionais, afetando negativamente a economia do país, além da potencial repercussão no nível concorrencial do mercado de veículos”.
Impacto em Taubaté e no Vale
Com o fim da planta de Taubaté, 830 funcionários diretos serão demitidos segundo o Sindicato dos Metalúrgicos. Porém, somado aos empregos indiretos, o número chega em cerca de cinco mil podem ser impactados pelo fechamento da unidade, de acordo com a associação comercial da cidade.
A avaliação do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp)é de que a região do Vale do Paraíba vai demorar para se recuperar do impacto causado pela decisão da Ford.
Reuniões
Nesta terça-feira (12) uma reunião entre o Sindicato dos Metalúrgicos, Prefeitura de Taubaté e Governo de São Paulo tratou do encerramento de atividades da Ford na cidade. O encontro terminou com uma lista de possibilidades que vão da qualificação dos demitidos à tentativa de negociação com a montadora sobre os termos das demissões.
O sindicato expôs a falta de aviso prévio com que as demissões foram anunciadas e reforçou que se posiciona para que as demissões não sejam efetivadas, já que haveria estabilidade até o fim do ano.
Nesta quarta-feira (13) trabalhadores da Ford fizeram um protesto em frente à Câmara Municipal em Taubaté. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos, a medida é uma forma de pedir a atenção do poder público para a situação.
A Ford já vinha dando sinais que a operação da empresa no Brasil vinha enfrentando dificuldades. Desde o ano passado, a montadora vinha adotando medidas como redução de salários e de jornada de trabalho, férias coletivas e lay-off (suspensão temporária dos contratos).
Desde o anúncio da Ford, na última segunda-feira (11), foram realizadas assembleias entre funcionários e o Sindicato dos Metalúrgicos. Depois desses encontros, os trabalhadores da Ford aprovaram um plano de ação para tentar reverter o fechamento da empresa.
Os trabalhadores alegam que existe um acordo entre sindicato e a empresa para que não houvesse demissões até o fim do ano. É com base nesse acordo que o sindicato que representa a categoria tenta mudar a situação. Além da assembleia, um grupo permaneceu em vigília na fábrica durante a madrugada para garantir que a empresa não faria a retirada de peças ou maquinário.
Foto: Carla Carniel.