Operação deflagrada nesta terça-feira (30) pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro prendeu acusados de envolvimento no assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Segundo o MP, os acusados tinham ligação direta com Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano, morto em confronto com policiais na Bahia em fevereiro.
As investigações da Operação Tânatos recaem sobre os chefes do chamado Escritório do Crime, grupo formado por pistoleiros que praticam execuções encomendadas há mais de dez anos. São cumpridos quatro mandados de prisão e 20 de busca e apreensão. Entre os presos estão os irmãos Leandro e Leonardo Gouvêa da Silva, o Tonhão e o Mad, que é apontado como o líder da quadrilha após a morte de Adriano.
As apurações começaram em 2018 com base em depoimento de Orlando de Curicica, que revelou a existência do Escritório do Crime após ser apontado como executor de Marielle e Anderson. De acordo com ele, policiais recebiam propina para não investigar o grupo.
Segundo o Ministério Público, a milícia age com armas de fogo, agressividade e destreza. “Fortemente armados e com trajes que impedem identificação visual, tais como balaclava e roupas camufladas, os atiradores desembarcam do veículo e progridem até o alvo executando-o sem chances de defesa”, segundo os promotores.
Ex-líder do Escritório do Crime, Adriano Nóbrega foi capitão da PM e tem ligações com a família Bolsonaro. Ele foi citado na investigação que apura acúmulo de salários quando Flávio Bolsonaro era deputado estadual. Sua irmã e sua mãe trabalharam no gabinete dele na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Mesmo acusado de crimes, Adriano foi homenageado por Flávio e pelo presidente Jair Bolsonaro.
Em outubro de 2005, o então deputado Jair Bolsonaro ocupou a tribuna da Câmara para protestar contra a condenação e prisão do policial militar pela morte de um lavador de carros que, na véspera do crime, havia denunciado a atuação de um grupo de milicianos.
Segundo o Congresso em Foco, em seu pronunciamento, Bolsonaro qualificou Adriano como um “brilhante oficial” e disse que tinha ido pela primeira vez a um tribunal do júri só para acompanhar o julgamento dele. Segundo o então parlamentar, Adriano era inocente e o flanelinha assassinado, um traficante de drogas. O responsável pelo crime, de acordo com o então deputado, era outro policial militar.
Depois do assassinato de Adriano, Flávio minimizou a homenagem prestada por ele ao ex-policial quando era deputado estadual. “Homenageei centenas e centenas de policiais militares e vou continuar defendendo, não adianta querer me vincular com a milícia, não tem absolutamente nada com milícia. Condecorei o Adriano há mais de 15 anos”, disse em fevereiro. “Pelo que soube, ele foi torturado. Para falar o quê? Com certeza nada contra nós. Porque não tem o que falar contra nós. Não tem envolvimento nenhum com milícia”, ressaltou o filho do presidente.
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