Líderes mundiais reunidos no Azerbaijão cobraram uma contribuição maior dos países ricos no combate às mudanças climáticas.
Já é tradição o encontro de líderes mundiais durante a COP. Mas a foto oficial de 2024 está um pouco diferente. Procura aí o presidente dos Estados Unidos, os líderes da França e Alemanha. Cadê a China? Chefes importantes – de nações ricas e muito poluidoras – não deram as caras. A ausência só fez aumentar as cobranças do secretário-geral da ONU.
“Os ricos causam o problema, e os pobres pagam o preço”, disse António Guterres.
De acordo com o g1, ele pediu que os países desenvolvidos honrem os compromissos e financiem o combate à crise climática. Destacou que esse vai ser o ano mais quente da história do planeta e disse que 2024 tem sido uma aula de destruição do clima.
Alguns países afetados por essa destruição também se manifestaram. Mia Mottley, primeira-ministra de Barbados, ilha do caribe atingida por furacões, cobrou urgência. O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, lembrou os mais de 200 mortos nas enchentes em Valencia; disse que é preciso agir agora para evitar que os desastres climáticos se multipliquem.
A ONU divulgou pela primeira vez um relatório que analisa o impacto do aquecimento global sobre as migrações. Nos últimos dez anos, foram mais de 220 milhões de deslocamentos forçados por causa de eventos climáticos extremos.
Outra grande preocupação da COP29 é com as NDCs – é aquele documento que revela o tamanho do compromisso de um país na redução dos gases de efeito estufa. Essas metas climáticas precisam ser renovadas até fevereiro de 2025, e a ONU está cobrando a promessa feita por muitos líderes na COP de 2023: de metas mais ambiciosas.
O primeiro-ministro do Reino Unido ajudou a puxar a fila. Keir Starmer disse nesta terça-feira (12) que o país vai reduzir, nos próximos dez anos, pelo menos 81% das emissões em relação a 1990.
O Brasil também vai antecipar o envio da meta climática. A entrega do documento está prevista para esta quarta-feira (13). A comitiva brasileira é chefiada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
Nesta terça-feira (12), ele se reuniu com o secretário-geral da ONU e também discursou no encontro de líderes.
“Temos a consciência e o comprometimento de que só há um futuro se for sustentável”, afirmou Alckmin.
Na saída do plenário, Alckmin chamou de “ousada” a meta climática que vai ser entregue pelo Brasil.
“A meta para 2035 é uma redução que nós esperamos chegar a 67% das emissões de gás de efeito estufa comparado a 2005. Esse é o objetivo, fizemos uma banda que nós estamos falando de uma meta daqui 11 anos, então ela é ousada, mas também precisa ser factível”, disse.
Mas uma meta de até 67% não convenceu entidades brasileiras que participam da COP. Os especialistas pedem uma meta mais clara.
“Parece que o Brasil vai cumprir a sua promessa de ser um dos primeiros países no mundo a apresentar sua nova meta até 2035, e isso é um ponto importante, positivo. Dependendo de como ela vai ser escrita, e o diabo mora nos detalhes, a gente vai saber se o Brasil está sendo mais ou menos ambicioso, se ele está se comprometendo com tudo que os países concordaram na COP passada”, diz Stela Herschmann, especialista em política climática – Observatório do Clima.
“Temos um plano de transformação ecológica, temos um plano do clima, temos um plano de prevenção e controle do desmatamento para todos os biomas brasileiros que vem sendo implementado. Já conseguiu uma redução de 45,7% em relação à Amazônia, de 25% no Cerrado. Estaremos estendendo para todos os biomas brasileiros”, afirma Marina Silva, ministra do Meio Ambiente.
Foto: Bruno Peres.