O ex-sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro Ronnie Lessa, réu pelas mortes da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, ocorridas em 2018, afirmou nesta quarta-feira (30) que a motivação para executar a vereadora foi financeira e que ganharia R$ 25 milhões para cometer o crime.
“Eu fiquei cego; minha parte eram R$ 25 milhões. Podia falar assim: era o papa, que eu ia matar o papa, porque fiquei cego e reconheço. Vou cumprir o meu papel até o final, e tenho certeza absoluta de que a Justiça será feita”, afirmou o ex-policial.
De acordo com o ClickPB, Lessa também disse que se arrepende de ter cometido o crime e pediu perdão para a família das vítimas.
“Eu gostaria de aproveitar a oportunidade e, com absoluta sinceridade e arrependimento, pedir perdão às famílias do Anderson, da Marielle, da minha própria e a toda a sociedade pelos atos que nos trazem até aqui”, afirmou Lessa.
O ex-policial também afirmou que tenta “amenizar” a angústia das famílias e, por esse motivo, decidiu confessar o crime e realizar a delação premiada, indicando os outros envolvidos.
“Infelizmente, não podemos voltar no tempo, mas eu tento fazer o possível para amenizar essa angústia de todos, assumindo minha responsabilidade e trazendo à tona todos os personagens envolvidos nessa história”, complementou Lessa.
Nesta quarta-feira (30), começou o julgamento que pode condenar Lessa e Élcio de Queiroz pelo assassinato de Marielle e Gomes. Eles podem ser condenados a até 84 anos de prisão.
Os dois estão sendo submetidos a júri popular e estão sendo ouvidos por vídeo chamada. Antes de Ronnie, 9 testemunhas já tinham sido ouvidas no tribunal.
Marielle era pedra no caminho
Segundo Ronnie Lessa, o assassinato de Marielle teria sido motivado pelo temor de que ela atrapalhasse dois loteamentos de terrenos realizados pela milícia no bairro do Tanque, no Rio de Janeiro.
“Na época, o que me foi dito por algumas pessoas é que ela atrapalharia, que ela entraria no caminho. Então, a questão era: dois loteamentos no bairro do Tanque; um loteamento seria para quem matasse Marielle, e o outro seria para os mandantes”, afirmou o ex-policial.
De acordo com o ex-sargento, os mandantes do crime disseram que a vereadora teria se reunido com algumas lideranças comunitárias e solicitado que elas não aceitassem o loteamento feito pelas milícias.
Ainda segundo Lessa, os mandantes do crime usaram a seguinte expressão: “Ela virou uma pedra no caminho e vamos dar prosseguimento devido a isso”.
O ex-policial revelou também que os dois loteamentos seriam divididos: um destinado a quem executasse a vereadora e outro para os mandantes do crime.
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