Os relatos que ouviremos a seguir mostram a dura consequência de uma escolha errada, que reflete não só nos próximos quatro anos, mas, muitas vezes, por toda vida, quando se elege alguém que deixa de cumprir com a sua obrigação básica de trabalhar pelo povo e de ser agente transformador de realidades, através de um mandato eleito democraticamente, quando se tem a missão confiada de representar e defender os direitos de uma população.
Na noite desta quarta-feira (31), a reportagem do News Paraíba recebeu áudios de uma discussão do vereador de Santa Rita, Francisco Queiroga (Progressistas), com uma moradora de Odilândia, distrito localizado na Zona Rural canavieira e que deveria, teoricamente, ser o principal reduto do parlamentar.
Nos áudios, Queiroga dá um show bizarro de ignorância e revela o quanto a política coronelista e de décadas passadas, escraviza o eleitorado com os ditos “favores” em troca do voto, se aproveitando da condição precária da população, ignorando preceitos básicos da democracia, que garante o direito à escolha, mas que determina o dever dos eleitos de trabalhar por toda população local.
“Eu sou vereador do povo que votou comigo. A comunidade tem 2 mil votos, eu tive 300, então não posso responder pelo eleitor que votou em Rosa (do Vaqueiro), em João (João Grandão), Jauíres, eu respondo pelos ‘eleitor’ que votou conosco (uma voz ao fundo coordena a fala do vereador), cabe ao eleitor ter consciência de votar no candidato. Eu não tive o voto da comunidade de Odilândia”, afirmou.
Ouça, na íntegra:
Em suas falas, Queiroga deixa claro desconhecer completamente o papel de um vereador enquanto legislador, fiscal do Poder Executivo e defensor dos interesses da população, ao negar à cidadã o dever de trabalhar pela comunidade onde reside, enquanto servidor público, pago com o dinheiro dos impostos daquela de quem desdenhando dos seus direitos.
O vereador diz que os eleitores de outros bairros votaram com ele em reconhecimento ao que teria feito no primeiro mandato, mas reclama que a população de Odilândia, lugar de onde diz ser “filho” não reconheceu o seu trabalho e não votou com ele. Por que será?
“Na hora da eleição, o povo da comunidade não ‘vieram’ votar comigo, votaram em tantos outros candidatos, então eu não posso assumir a responsabilidade com toda comunidade, quando, uma vez na eleição, a comunidade não se comprometeu comigo. Eu fui candidato e, graças a Deus, ganhei a eleição, sabe por quê? Porque o povo reconheceu o meu trabalho, o povo de fora reconheceu, e o povo de Odilândia, em grande maioria não reconheceu. Eu sou filho de Odilândia. Você está equivocada e errada, eu não tenho obrigação, como você falou, de ajudar a comunidade”, disse o vereador.
Ouça, na íntegra:
EM TEMPO
Queiroga é um velho conhecido das Delegacias de Combate à Corrupção e ao Crime organizado da Paraíba – DRACO/DECCOR.
Ele foi um dos presos pelo Gaeco e pela Polícia Civil no âmbito da Operação Natal Luz, deflagrada em novembro de 2019 e que investiga o uso irregular em diárias da Câmara de Santa Rita em viagens e congressos de fachada, segundo denúncia apresentada pelo MPPB.
O vereador também esteve envolvido em denúncias de empréstimos feitos em nome de pessoas que residem em Odilândia e que ficaram inadimplentes por falta de quitação dessas dívidas.
Crédito imagem: Reprodução/Facebook
Manno Costa
para o News Paraíba