Em delações, assessor de Waldson confirma esquemas de desvios com Pietro e Grafset

Gaeco/MPPB lidera investigações (Foto: Sandra Macedo/Rede Correio Sat)O documento liberado pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) para fundamentar as 11ª e 12ª fases da Operação Calvário – a Orgiem, desencadeadas nesta quinta-feira (4), traz um fato até então mantido em sigilo, mas que parece ter ajudado a desvendar a atuação da organização criminosa que agia no Governo do Estado na área da Educação. Trata-se da deleção um novo personagem, Bruno Donato, que exercia a função de assessor jurídico do Gabinete de Waldson Souza na Secretaria de Saúde do Estado (SES), na primeira gestão do governador Ricardo Coutinho. Confira aqui o documento.

De acordo com o documento liberado pelo Gaeco, temendo ser alcançado pelos órgãos de investigação, Bruno Donato procurou o Ministério Público da Paraíba (MPPB) e firmou um acordo de colaboração processual, desvendando o esquema que envolveram as empresas Editora CDL – Difusão Cultural do Livro Eireli, comandada por Pietro Herley, preso nesta quinta-feira, e a Grafset, confirmando, inclusive, a entrega de pacotes de dinheiro a Edvaldo Rosas e Waldson Souza.

Numa das denúncias oferecidas pelo Ministério Pública à Justiça, consta a narrativa de que Bruno Donato revelou ter intermediado encontros e negociações entre o empresário Pietro Harley, o então secretário Waldson Souza e Coriolano Coutinho. O andamento do primeiro contrato com o Estado só teria sido agilizado depois de uma cobrança de Coriolano ao secretário Waldson Souza.

O esquema de pagamento de propina teria sido viabilizado por intermédio da contratação para edição e publicação dos livros e cartilhas “Guangue do Nicotínico” e “Crack – Diga Não!”. Bruno Donato revela ter intermediado e testemunhado a entrega de um pacote de R$ 150 mil a Edvaldo Rosas e Waldson Souza pelo empresário Pietro Harley, no restaurante Mangai, em João Pessoa.

Em sua colaboração, Bruno Nonato narra também sobre o processo de falsificação de assinatura do distrato do contrato com a Editora CDL às vésperas de um julgamento no Tribunal de Contas do Estado (TCE) de denúncia de irregularidades feitas pelo então deputado Manoel Júnior, fato que acabou levando o esquema criminoso a migrar a edição dos livros para a Grafset, que chegou a pagar propina de até 47% pela execução dos serviços.

As denúncias apresentadas pelo assessor jurídico Bruno Donato, conforme o documento do Caeco, foram confirmadas posteriormente pelo próprio Waldson Souza em depoimento ao Ministério Público da Paraíba.

Defesas

A defesa de Pietro e Edvaldo Rosas, feita pelo advogado Gustavo Botto, diz que acredita na inocência dos denunciados e já prepara pedido de relaxamento das prisões.

Já o advogado Francisco Leitão, que faz a defesa de Coriolano Coutinho, disse que ainda não teve acesso à denúncia e acusou a polícia de agir sem conhecimento.

O Portal Correio tentou falar com as defesas dos demais investigados citados, mas não obteve declarações até a publicação desta matéria.

Foto: Sandra Macedo.