O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) vai acompanhar as investigações sobre enfermeira Nathana Ceschim, que postou vídeos debochando da vacina contra a Covid-19 e sem usar máscara no local de trabalho.
Segundo a promotora Inês Thomé, o MPES vai instaurar procedimento administrativo para acompanhar tanto o que está sendo feito no âmbito do hospital onde a enfermeira trabalha quanto o que o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-ES) está apurando sobre o caso.
“O Ministério Público repudia qualquer ato neste sentido, mesmo porque nós estamos em meio a uma pandemia e a vacina é uma vitória da ciência. Nós precisamos nos imunizar para que a gente possa não só resguardar a nossa vida como a vida de todas as pessoas que circulam no meio de nós”, disse a promotora.
O Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, onde ela trabalha, abriu uma investigação para apurar a conduta após ela publicar nas redes sociais um vídeo em que aparece sem máscara no posto de trabalho, durante o expediente.
A publicação foi feita na noite de sexta-feira (22) e mostra Nathana Ceschim de touca cirúrgica, em frente a um computador da unidade. O hospital não informou em que área a gravação foi feita. No vídeo, ela brinca com um colega, que aparece na porta da sala com touca, luvas e máscara.
Horas antes, ela publicou um vídeo em que desdenhava da aplicação da vacina CoronaVac. Um comprovante exibido na rede social aponta que a mulher tomou a vacina contra a Covid-19 no dia, em Vitória.
“Tomei por conta que eu quero viajar, não para me sentir mais segura. Porque uma vacina que dá 50% de segurança para mim não é uma vacina. Tomei foi água”, disse no vídeo.
Em nota, a Santa Casa informou que a falta da máscara no ambiente é uma prática proibida desde o início da pandemia e que todos os colaboradores têm conhecimento sobre essa regra.
O hospital ainda disse que “irá tomar as medidas necessárias para garantir a segurança de seus pacientes e a manutenção das normas e condutas fundamentais para o bom atendimento assistencial”.
Sobre a fala da enfermeira debochando da vacina, a Santa Casa afirmou que não compactua com este tipo de pensamento e que sempre defendeu a ciência.
“Não seria agora que mudaria sua postura, em um momento tão difícil que todos estamos enfrentando. Acreditamos sim na vacina e esperamos que, em breve, não só os funcionários, mas toda a sociedade possa ser imunizada”, diz a nota enviada pelo hospital.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Espírito Santo informou que “lamenta o posicionamento de qualquer profissional da saúde que desacredite da ciência em prol da vida”.
O secretario estadual de Saúde, Nésio Fernandes, falou sobre o caso em uma rede social.
“Repudiamos toda e qualquer expressão de negação da ciência, da expressão de futilidades desnecessárias ao comportamento exemplar que se espera dos trabalhadores da saúde. Somos preparados para salvar vidas, não para sabotá-las”, disse.
O Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES) disse em nota que repudia a conduta da enfermeira e que já determinou abertura de procedimento ético para apurar o caso.
“É inaceitável que, após onze meses de enfrentamento à pandemia e em defesa da vida, um profissional de enfermagem se posicione nas redes sociais de forma irresponsável e inconsequente, comprometendo a ciência, a saúde e a vida das pessoas. A apuração, com amplo direito de defesa, será com base no Código de Ética da Enfermagem. As penalidades previstas vão de advertência à cassação do registro profissional”, diz parte da nota.
Ambos os vídeos foram publicados em um rede social da enfermeira, que era público até amanhã de sábado (23), quando ela colocou o perfil como privado. O G1 tenta contato com ela.
Vacina
A vacina recebida pela enfermeira é a CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. A eficácia e a segurança da CoronaVac foram comprovadas em ensaios clínicos conduzidos no Brasil.
A eficácia geral da vacina ficou em 50,38% – acima do mínimo de 50% recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O uso emergencial do imunizante no país foi aprovado pela Anvisa no dia 17.
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