Memória, artes, cultura e patrimônio são o alicerce da casa mais charmosa da orla de Cabo Branco: a propriedade do escritor José Américo de Almeida. Esse recanto, onde o imortal das letras plantou, sonhou, criou e se fez anfitrião de ilustres e anônimos, tornou-se reservatório e disseminador da diversidade cultural e artística paraibana no dia 10 de dezembro de 1980, pela a Lei 4.195, assinada pelo então governador Tarcísio Burity. Hoje, 40 anos depois, a FCJA realizou um importante e significativo evento virtual para celebrar a data.
A programação começou às 9h30, com uma live que situou a FCJA em três momentos: ontem, hoje e amanhã. Antes de esses blocos serem iniciados, no entanto, o governador João Azevedo, por meio de um vídeo, parabenizou as quatro décadas de existência da instituição. “A Fundação José Américo, que guarda memórias e eterniza a história do nosso povo, desenvolve um trabalho fundamental, não só para a Paraíba, mas para todo o Brasil. É uma data que deve ser celebrada. Vida longa à Fundação!”, disse o dirigente da Paraíba.
Logo depois, a professora Lúcia Guerra, gerente executiva de Documentação e Arquivos da FCJA, deu início à mesa-redonda dedicada ao “ontem” da Fundação, com participações da professora e gerente executiva do Museu da FCJA, Janete Lins Rodriguez, e do historiador e professor José Octávio de Arruda Melo – que esteve presente na primeira reunião do Conselho Consultivo da instituição, realizada em 19 de março de 1981. Ambos falaram sobre o legado de José Américo e sobre os primeiros anos da instituição, como também sobre o seu importante papel em prol da cultura paraibana, desde a sua fundação.
Justiça de transição – O aniversário de criação da FCJA coincide com o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Não por acaso, esse fato norteou o segundo bloco da live, dedicado à FCJA dos dias atuais. Mediado pela historiadora Ana Paula Brito, coordenadora do Memorial da Democracia da Paraíba (sediado na Fundação), esse momento propiciou a entrega do Certificado de Reparação Histórica (CRH) ao maestro paraibano José Siqueira (1907-1985).
O CRH é um reconhecimento oficial do “apagamento” de artistas (e suas respectivas obras) pela ditadura civil-militar, que vigorou no país entre 1964 e 1985. Durante esse período nefasto, José Siqueira foi perseguido, destituído de seus cargos e proibido de lecionar, gravar e reger no Brasil, por ter uma atuação combativa em favor dos músicos e por lutar para democratizar a arte que o fez ganhar o mundo.
O professor e presidente da Comissão da Verdade da Paraíba, Paulo Giovanni, falou sobre os danos causados pela ditadura e a importância de utilizar o relatório resultante dessa comissão em sala de aula – para que nunca mais isso se repita. Já para falar discorrer sobre o maestro, a live contou com a participação de dois de seus sobrinhos, Fernando Teixeira (ator e dramaturgo) e Rodrigo T. Marques (cineasta). Fernando lembrou a figura encantadora e sempre sorridente do tio, enquanto Rodrigo falou do documentário que está produzindo sobre ele, “Toada para José Siqueira”, com lançamento previsto para 2021.
Cooperação – No último bloco da live, foi exibido um vídeo de felicitações do secretário de Estado da Cultura, professor Damião Ramos Cavalcanti. Logo depois, foram seladas parcerias frutíferas entre a FCJA e dois entes necessários à salvaguarda e ao desenvolvimento da cultura e da educação paraibana: a Fundação Espaço Cultural José Lins do Rego (Funesc) e a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Os presidentes Fernando Moura (FCJA) e Walter Galvão (Funesc) assinaram um convênio para a ampliação de pesquisas e ações em comum entre as entidades. Com a UEPB, foi firmado um convênio de cooperação editorial. Rangel e Galvão também falaram sobre ações das duas instituições e fizeram as considerações finais com cumprimentos à FCJA, pelo seu aniversário.
Todo o evento foi transmitido pelo canal oficial da FCJA no YouTube – e está disponível para quem quiser assistir ou rever.
Foto: Reprodução Google.