Cerimônia de posse do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no Palácio do Planalto.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, esteve reunido, nesta terça-feira (8), com governadores de 16 estados. A pauta foi a vacinação da população contra a covid-19. Incomodados ao verem o estado de São Paulo sair na frente e anunciar que começará a vacinar a população no dia 25 de janeiro, governadores de outros estados cobraram ações do Ministério da Saúde.

Fátima Bezerra (PT), governadora do Rio Grande do Norte, afirmou que os colegas esperam uma posição clara do governo federal. “A expectativa é que a gente tenha definições concretas: calendários e vacinas seguras e suficientes para que a gente inicie o mais rápido possível a vacinação do nosso povo”, disse.

O tom de cobrança de Fátima Bezerra também estava no discurso de Wellington Dias (PT), governador do Piauí. Ele destacou a necessidade da ação centralizada do governo federal e de ações mais práticas, como a apresentação de um cronograma.

Segundo o Congresso em Foco, os momentos mais tensos durante a reunião foram as discussões sobre a Coronavac, suscitadas pelos governadores João Doria (PSDB-SP) e Flavio Dino (PCdoB-MA).

Veja abaixo trecho do diálogo:

João Doria: […] a Coronavac, que é a vacina do Butantã, que já temos aqui parcela considerável e que o senhor, na última reunião, com 24 governadores, anunciou que compraria 46 milhões… infelizmente o presidente da República desautorizou senhor, foi deselegante com o senhor e, em menos de 24 horas, impediu que a sua palavra fosse mantida perante os governadores. Seu ministério vai comprar a vacina Coronavac sendo aprovada pela Anvisa? Sim ou não?

Eduardo Pazuello: Já respondi isso. Já respondi a todos os governadores quando a vacina do Butantã, que não é do Estado de São Paulo, tá governador, é do Butantã. Não sei porque o Sr. fala tanto como se fosse do Estado. É do Butantã. O Butantã é o nosso fabricante de vacina do nosso país. É respeitado por isso. O Butantã, quando concluir seu trabalho e tiver vacina registrada, avaliaremos a demanda. Se houver demanda, e houver preço, vamos comprar. Volto a colocar para o senhor que o MOU (memorando de entendimento) ele não é vinculante. Volto a colocar pro senhor que o registro é obrigatório. E havendo demanda, havendo preço […] todas as vacinas, todas as posições serão alvo de nossa compra.

Queixas contra Doria

João Doria também foi alvo de queixas de governadores, que se incomodaram com o fato de São Paulo sair na frente na corrida pela vacina. Ronaldo Caiado (DEM), governador de Goiás, foi quem deixou mais evidente essa insatisfação.

“Não é correto haver uma briga entre estados, até porque nem todos têm a mesma capacidade econômica e de logística que São Paulo. Isso coloca em jogo a credibilidade dos demais governadores […] Não posso admitir que eu seja rotulado de omisso e que o governador de São Paulo seja visto como o único a fazer algo”, disse

Plano unificado

Essa insatisfação foi um dos motores para a cobrança de uma ação centralizada do Ministério, algo que Pazuello se comprometeu com os governadores.

“O PNI (Plano Nacional de Imunização) é nacional. Não pode ser paralelo. A gente tem que falar a mesma linguagem. Nós só temos um inimigo: o vírus. Temos que nos unir”, disse o ministro.

O ministro disse ainda que, caso a Coronavac tenha liberação da Anvisa, poderá ser adquirida pelo governo.

“Todas as vacinas que tiverem sua eficácia e registros da maneira correta na Anvisa, se houver necessidade, vão ser adquiridas. O presidente Jair Bolsonaro já deixou isso de forma clara”, afirmou.

Foto: Marcelo Camargo.