Em discurso na manhã deste sábado (19) durante convenção da igreja Assembleia de Deus no Brasil Ministério de Madureira, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro disse a uma plateia de pastores e fiéis ter sido “tolhido” pelo Judiciário durante a crise do coronavírus.
Em manifestações públicas, Bolsonaro costuma repetir que foi impedido pelo Judiciário de tomar medidas contra a pandemia de coronavírus porque, na interpretação dele, o Supremo Tribunal Federal (STF) teria dado essa atribuição exclusivamente a estados e municípios. Mas ministros, como o atual presidente do STF, Luiz Fux, já afirmaram que o tribunal não eximiu o governo federal de responsabilidade.
“Eu tive que tomar decisões mesmo sendo tolhido pelo Poder Judiciário. Se naquele momento, naquela época, até mesmo a chacota estava presente, hoje, graças a Deus, estamos vendo que estávamos no caminho certo”, afirmou o presidente na convenção da igreja.
Ao lado do governador Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, e do ex-deputado Manoel Ferreira, bispo primaz das Assembleias de Deus Ministério de Madureira, Bolsonaro disse aos pastores e fiéis que, do ponto de vista econômico, o Brasil se saiu bem durante a pandemia.
“Passamos por uma grande provação — ou melhor, estamos no final dela, o momento que se abateu sobre todo o mundo. Na parte econômica, o Brasil foi o que melhor se saiu. Quis o destino também que, na área de saúde, aos poucos, ao se deixar de politizar, a única alternativa que nós tínhamos, começou-se a salvar mais vidas também”, declarou.
Embora o presidente classifique o Brasil como o de melhor desempenho, ranking elaborado pela agência de classificação de risco Austin Ratings coloca a variação do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre em 22º lugar numa escala comparativa com os 48 países donos das maiores economias do mundo.
No segundo trimestre, o PIB brasileiro sofreu um recuo histórico de 9,7%, na comparação com os três primeiros meses do ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse desempenho negativo é motivado pelo impacto econômico provocado pela pandemia do novo coronavírus.
Com esse resultado, o Brasil entrou oficialmente em recessão técnica, definida pelo encolhimento do nível de atividade econômica durante dois trimestres consecutivos.
Dívidas de igrejas
Segundo o G1, no último dia 13, Bolsonaro vetou parcialmente uma proposta aprovada no Congresso que perdoava dívidas tributárias de igrejas.
Ao justificar o veto, a Secretaria-Geral da Presidência afirmou que o projeto teria “obstáculo jurídico incontornável, podendo a eventual sanção implicar crime de responsabilidade do presidente da República”.
Sob o argumento de que, se vetasse, correria o risco de sofrer um processo de impeachment, Bolsonaro defendeu que o próprio veto seja derrubado pelo Congresso Nacional.
“Confesso, caso fosse Deputado ou Senador, por ocasião da análise do veto que deve ocorrer até outubro, votaria pela derrubada do mesmo”, escreveu em uma rede social.
Foto: Alan Santos.