Os alunos que frequentaram a pré-escola tiveram melhor desempenho quando cursaram a quinta série do Ensino Fundamental, revela um levantamento realizado pela empresa de consultoria IDados, obtido com exclusividade por VEJA. O fenômeno é observado em todas as classes sociais, corroborando diversos estudos acadêmicos que evidenciam a eficácia da vida escolar na primeira infância.

O levantamento foi realizado com base nos resultados da Prova Brasil, em 2017, os dados mais recentes até o momento. O exame nacional, aplicado para cerca de 2,6 milhões de alunos, engloba escolas públicas e particulares e afere a qualidade do ensino de Português e Matemática, ao final do primeiro ciclo do Ensino Fundamental.

Com base no questionário sócio econômico, em que os alunos indicam as condições de vida das famílias, os pesquisadores estabeleceram cinco classes sociais e compararam o desempenho dos grupos separadamente. O método permite isolar fatores que influenciam diretamente na performance do exame, já que as crianças do segmento mais rico têm acesso à educação de melhor qualidade.

A média obtida por estudantes do primeiro nível que frequentaram a pré-escola foi maior – 9,1 pontos em matemática e 8,9 em português – do que a obtida por alunos que iniciaram os estudos apenas no primeiro ano do Ensino Fundamental. No quinto grupo, a diferença foi ainda mais expressiva: 15 pontos em matemática e 13,4 em português.

“Crianças de famílias com mais recursos financeiros têm acesso à escolas com ambientes mais acolhedores e estimulantes, com professores que, de fato, contribuem para o seu desenvolvimento. Nesse grupo social, a diferença é muito expressiva. Os alunos que frequentaram a pré-escola estão um ano mais acelerados do que os outros”, explica Thais Barcellos, pesquisadora do IDados e autora do estudo.

Para os pesquisadores, o levantamento reforça a necessidade de investimentos públicos na primeira infância. Diversos estudos internacionais demonstram que os ganhos obtidos nos primeiros anos de vida – em termos de acolhimento, nutrição e estímulo – contribuem para melhor desempenho ao longo de toda a vida escolar do indivíduo.

“Uma pré-escola de qualidade vai ter ganhos de longo prazo e seguramente poderia ser um poderoso instrumento de política pública para melhorar a performance do aluno ao longo de toda sua educação. Estamos em ano de eleições para prefeito e essa é uma excelente oportunidade para discutir o tema, já que a pré-escola é uma responsabilidade do município. Precisamos de políticas de estado que não mudem a cada representante eleito”, diz Barcellos.

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