Uma escocesa está tentando impedir que o esperma congelado de sua filha transgênero seja destruído.
Louise Anderson quer usar o esperma congelado de sua filha, Ellie, para gerar um neto.
Ellie, que morava em Stirling, na Escócia, morreu repentinamente em julho, aos 16 anos.
Ela era transgênero e se identificava como mulher. Ellie teve seu esperma congelado quando tinha 14 anos para que pudesse eventualmente ter seus próprios filhos biológicos.
Sua mãe quer materializar sua vontade postumamente, usando para isso o esperma de Ellie, uma doadora de óvulos e uma mãe substituta. Advogados planejam levar o caso à Justiça.
Em entrevista à BBC, Anderson disse que Ellie sabia que ela era transgênero desde cedo.
“Quando adolescente, ela adiou o uso de bloqueadores hormonais para preservar seu esperma e permitir que tivesse seus próprios filhos biológicos. Ela me fez prometer que, se algo acontecesse com ela, seus filhos seriam trazidos ao mundo.”
“Vou fazer tudo o que puder para honrar seus desejos – não apenas por ela, mas por qualquer outra pessoa que esteja nesta posição. Quero fazer com que seus desejos se materializem”, acrescentou.
Segundo o G1, o esperma de Ellie foi congelado na Glasgow Royal Infirmary Fertility Clinic, que informou que a amostra não pode ser armazenada.
De acordo com as regras atuais de fertilização humana do Reino Unido, se Ellie estivesse em um relacionamento quando morreu, seu parceiro teria o direito de pedir que seu esperma fosse armazenado. A mãe dela não tem esse direito.
Ordem judicial
Os advogados podem solicitar uma ordem judicial impedindo que o esperma seja destruído.
O advogado de Louise, Virgil Crawford, disse se tratar de uma “questão jurídica incomum, interessante, importante e complexa”.
“O que estamos tentando obter é uma ordem do tribunal para que a mãe de Ellie tenha o direito de usar seu esperma para o propósito pretendido por Ellie – criar um filho genético dela e um neto para a sra. Anderson. ”
Caso contrário, eles esperariam que o tribunal dissesse que a lei existente precisa ser alterada.
David Obree, pesquisador de ética médica na Universidade de Edimburgo, disse à BBC que acredita que o status de transgênero de Ellie é “irrelevante”.
“A questão principal é para que ela pretendia que o esperma fosse usado? A questão que o tribunal precisa examinar é se ela consentiu ou solicitou especificamente que seu esperma fosse usado por terceiros?”, afirmou.
Ellie, que começou a tomar hormônios femininos, morreu de “causas incertas”.
Uma porta-voz do NHS Greater Glasgow e Clyde, que administra a clínica de fertilidade, disse: “Lamentamos saber da morte dessa jovem e enviamos nossas condolências à família”.
“O Glasgow Royal Infirmary Assisted Conception Services é licenciado e regulamentado pela Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana. O armazenamento de gametas (esperma) é gerenciado de acordo com a Lei de Fertilização e Embriologia Humana (1990) e está em conformidade com os consentimentos fornecidos pelos doadores”, disse.
Foto: Reprodução Google.