O YouTube encerrou a conta da militante extremista Sara Giromini na plataforma. O encerramento se deu na madrugada desta terça-feira, dois dias depois de ela ter feito uma postagem em redes sociais expondo o nome de uma menina de 10 anos de idade que foi estuprada pelo tio e que teve a gravidez interrompida por determinação da justiça. De acordo com a plataforma, a conta de Giromini foi encerrada por “violação dos termos de serviço do YouTube”. Procurado,o YouTube não citou o caso de Sara, mas disse, por meio de seu porta-voz, que a plataforma encerra “qualquer canal que viole repetidamente” as regras da plataforma.
Giromini, que já atuou no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH), é uma conhecida militante bolsonarista investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das Fake News e da organização de atos antidemocráticos. Ela já foi presa pela Polícia Federal no âmbito dessas investigações, mas foi libertada e hoje utiliza tornozeleira eletrônica. Ela é suspeita de integrar uma rede de divulgação de notícias falsas e de organizar atos contra instituições democráticas.
No domingo (16), ela fez uma postagem em uma rede social divulgando o nome da menina de 10 anos que, por determinação da Justiça, buscava atendimento para ter sua gravidez interrompida. O procedimento teve de ser feito no Recife porque o um hospital no Espírito Santo se recusou a atendê-la.
Em suas redes sociais, Sara revelou o primeiro nome da criança, a unidade de saúde onde ela faria o procedimento e usou o termo “aborteiro” para se referir ao médico que seria responsável pelo atendimento.
Dezenas de militantes conservadores se dirigiram ao local e cercaram a unidade para tentar impedir o procedimento. Apesar disso, a menina foi atendida e a gravidez interrompida.
Diante da repercussão do caso, a Justiça do Espírito Santo determinou, na segunda-feira que o Facebook, Twitter e YouTube retirassem do ar quaisquer postagens com informações sobre a identidade da menina.
A decisão foi resultado de uma ação movida pela Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo (DPE-ES) em resposta à postagem de Sara Giromini.
Segundo O Globo, na segunda-feira, o YouTube enviou uma nota dizendo que não comenta casos específicos e que todos os conteúdos na plataforma precisam seguir as “diretrizes de comunidade que incluem medidas de proteção ao bem-estar emocional ou físico de menores”.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o YouTube não mencionou o caso específico de Sara Giromini, mas disse que aplica suas normas de conteúdo “de forma consistente e independente de ponto de vista”. A empresa disse ainda que, no primeiro trimestre, removou 480 mil vídeos no Brasil que violaram suas políticas.
Esta não é a primeira vez que Sara tem problemas como YouTube. Em junho, logo após ser presa pela Polícia Federal, a plataforma acabou com a monetização do seu canal. Segundo ela, a estimativa é de que suas perdas foram de US$ 1,8 mil mensais.
Mais recentemente, Sara também teve contas no Facebook e no Twitter suspensas por decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator tanto do inquérito das fake news quanto do inquérito sobre os atos antidemocráticos.
Apesar da decisão, Sara abriu novas contas e continua ativa em redes sociais.
Foto: Reprodução Google.