Curado do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro deu início nesta quinta-feira a uma agenda de viagens pelo país. A ideia é que, daqui para frente, ele aproveite o final da semana para visitar e inaugurar obras Brasil afora. A primeira parada foi escolhida de maneira estratégica. Bolsonaro esteve no Nordeste do país, região historicamente ligada à esquerda e que concentra o maior índice de rejeição ao presidente da República.
Não é de hoje que Bolsonaro vinha sendo aconselhado a se aventurar por esse terreno ainda arenoso. Antes de o presidente ser contaminado pela Covid-19, um cacique do centrão projetou a ele o cenário de que há espaço para o presidente angariar apoiadores no Nordeste brasileiro. A fórmula veio acompanhada de uma boa dose de populismo.
Na conversa, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) mostrou ao presidente vídeos com uma sequência de imagens de crianças e famílias comemorando a chegada da água em suas casas. A ideia era que Bolsonaro participasse de uma cena dessas.
“Presidente, no dia que tiver uma imagem do senhor comemorando um poço jorrando e se molhando com esse povo, o senhor está reeleito”, disse a Bolsonaro. A avaliação feita é a de que a região ainda é apegada ao ex-presidente Lula, mas atualmente vive um vazio de poder diante da derrocada do petista. Seria esse o espaço que Bolsonaro tentaria ocupar.
Em discurso nesta quinta, o presidente seguiu a fórmula. Aos nordestinos, chamados de “povo maravilhoso”, Bolsonaro disse: “Daqui vem a nossa força, daqui vem aquilo que nós precisamos para continuar buscando o caminho certo para o nosso Brasil”. E continuou: “Lá no Sudeste, a minha região, nós não temos problema de falta d’água. E quando nós vemos e sentimos a felicidade de um povo quando chega água naquela região, isso amolece os nossos corações”.
A esperada cena de Bolsonaro se banhando em uma água jorrando, no entanto, não veio. No lugar, o presidente participou de uma cerimônia alusiva à inauguração do sistema de abastecimento de Campo Alegre de Lourdes, na Bahia, quando pegou a água que saia de um pequeno chafariz e lançou aos apoiadores. Também nesta quinta, Bolsonaro esteve em São Raimundo Nonato, no Piauí, onde subiu em um cavalo usando um típico chapéu nordestino.
Reportagem da última edição de VEJA destaca pesquisa feita pelo instituto Paraná Pesquisas que aponta que melhoraram os índices de avaliação sobre o governo Bolsonaro no Nordeste. Os nordestinos ainda são os brasileiros menos afeitos ao presidente, porém os que desaprovam o governo caíram de 66,1% para 56,8% entre abril e julho e os que aprovam subiram de 30,3% para 39,4%.
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