O Palácio do Planalto não esconde de ninguém que quer o arquivamento, o mais rápido possível, do inquérito das fake news. Desde o início da investigação, o clã Bolsonaro e seus ministros mais próximos se preocupam com o possível desdobramento no Congresso das apurações comandadas pelo ministro Alexandre de Moraes.
Apesar de os parlamentares viverem em um eterno clima de desconfiança com as boas intenções (entrega de cargos) do governo, integrantes do Planalto acreditam que poderão contar com o centrão, por exemplo, se precisarem de apoio na CPI das Fake News. Seria a compensação pelo “toma lá dá cá” que está sendo efetivado. Entretanto, sabem que enfrentarão problemas caso o centrão tenha que escolher entre o presidente e ministros do STF.
Segundo o G1, nesta quarta-feira (27), um detalhe crucial da decisão de Alexandre de Moraes alarmou ainda mais governistas: o pedido de quebra de sigilo de empresários apoiadores de Bolsonaro abrange o segundo semestre de 2018, período em que ocorreram as eleições que levaram o presidente ao Planalto.
O motivo da preocupação: que eventuais apurações que remetam às eleições 2018 sejam usadas em ações que pedem a cassação do mandato de Bolsonaro e de Mourão e que estão pendentes no Tribunal Superior Eleitoral. Fontes do TSE ouvidas nesta quarta-feira pelo blog admitem que as provas das AIJE (ações de investigações judicial eleitoral) são, até aqui, fracas. Duas das oito ações que pedem a cassação da chapa presidencial devem entrar na pauta do TSE no dia 9 de junho e podem seguir arquivadas ou pode haver pedido para reabrir coleta de provas.
Para as demais ações, essas fontes afirmam que o material do inquérito das fake news, se for compartilhado com o TSE, pode fortalecer as apurações.
Alguns cenários foram considerados hipoteticamente ao blog por uma fonte do TSE: o material das fake news pode ser requisitado pelo relator dos casos – o ministro Fernandes -, pode ser enviado de ofício por Alexandre de Moraes ou algum partido – caso de oposição – pode pedir para o material ser incluído em uma das ações.
Por temer essas repercussões, enquanto as ações estiverem abertas, e o inquérito das fake news também, o Palácio do Planalto vai trabalhar pelo arquivamento da investigação que está nas mãos de Moraes, e que tem repercussão imprevisível.
Foto: Sergio Lima.