A fusão entre Fox Sports e ESPN foi aprovada em uma reunião na manhã desta quarta-feira (6) pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em um encontro de cerca de uma hora de duração, os conselheiros do órgão decidiram que os dois canais poderão ficar sob o guarda-chuva do grupo Disney, mas com algumas condições.
O Fox Sports deverá continuar no ar por três anos, até o dia 1° de janeiro de 2022, necessariamente com a transmissão da Copa Libertadores em sua grade. O torneio, porém, poderá ser transmitido pelos canais ESPN, que também terá o direito de mostrar outras competições que atualmente pertencem à Fox.
Após esse prazo, a Disney poderá vender a marca Fox Sports, cumprindo determinação que vinha desde o processo de compra do grupo Fox pela empresa nos Estados Unidos. Assim, a tendência é que os direitos e alguns profissionais sejam “herdados” pela ESPN a partir de 2022.
Segundo o msn, a decisão tomada pelo Cade foi baseada no relatório apresentado por Luis Henrique Bertolino Braido, que analisou todo o processo. Ele foi, inclusive, quem desqualificou o pedido feito pelo consório Rio Motor Sports (RMS), que tentou cancelar a sessão desta quarta-feira (6) alegando que tinha o interesse de comprar o Fox Sports e que só aguardava uma data para sacramentar a proposta.Na visão de Braido, a RMS não apresentava histórico de conhecimento técnico sobre o mercado de televisão, o que fez a Disney desistir da venda e também convenceu o relator de que apenas a garantia financeira não seria suficiente para sustentar o negócio.
Na argumentação em favor da fusão, Braido também relatou que a fusão seria benéfica para o mercado brasileiro de televisão paga, uma vez que os canais Fox Sports têm tido prejuízo financeiro nos últimos anos e dificilmente conseguiriam manter seus negócios sustentáveis.Segundo o relator, os contratos de direitos de transmissão da Fox foram todos feitos em moeda estrangeira, enquanto as receitas da empresa com publicidade são em reais. Isso, de acordo com Braido, afastou o interesse de três compradores que chegaram a manter contatos com a Disney para adquirir os canais Fox Sports.Após um processo que durou cerca de 22 meses, a fusão entre os dois canais levou o Cade a decidir abrir uma outra investigação.
O órgão quer, agora, analisar se as operadoras de TV por assinatura têm feito uma concentração de concorrência, reduzindo o poder de faturamento dos canais e fazendo com que eles não sejam atrativos financeiramente.Na visão do relator, como há um baixo valor da mensalidade do assinante que é repassado aos canais, eles também não se tornam sustentáveis, como mostrou o próprio Fox Sports, que desde 2016 vem tendo prejuízo operacional. O inquérito de análise será aberto pelo Cade.
Foto: Jeferson Guareze.