Jair Bolsonaro (sem partido) acusou a OMS (Organização Mundial da Saúde), na noite desta quarta-feira (29), de incentivar a masturbação e a homossexualidade de crianças por meio de uma suposta cartilha da órgão. O mandatário brasileiro voltou atrás e apagou o post publicou em seu perfil minutos depois.
“Essa é a Organização Mundial da Saúde (OMS) que muitos dizem que eu devo seguir no caso do coronavírus. Deveríamos então seguir também diretrizes para políticas educacionais?”, questionou de forma provocativa.
Sem citar fonte alguma, o texto publicado por Bolsonaro dá detalhes sobre supostas recomendações da OMS para crianças de 0 a 4 anos.
“Satisfação e prazer ao tocar o próprio corpo (masturbação); expressar suas necessidades e desejos por exemplo, no contexto de ‘brincar de médico’; as crianças têm sentimento sexuais mesmo na primeira infância”, diz o texto.
Na sequência, viriam as recomendações para crianças entre 4 a 6 anos: “Uma identidade de gênero positiva; gozo e prazer ao tocar o próprio corpo, masturbação na primeira infância; relações entre pessoas do mesmo sexo”.
Orientações são destinadas aos pais
De acordo com o portal UOL, as sugestões publicadas por Bolsonaro realmente existem e foram publicadas em 2010 pelo Centro Federal de Educação da Saúde da Alemanha, juntamente com um escritório europeu da OMS.
A cartilha, porém, não é dirigida às crianças, e sim aos pais, com o objetivo de orientá-los na educação de seus filhos.
Segundo a OMS, crianças de 2 e 3 anos são curiosas em relação aos seus próprios corpos. É nesse período que elas começariam a ter noção do que é ser menino ou menina. Assim, é importante para os pais auxiliá-las a desenvolverem sua identidade de gênero.
O texto não diz, como o presidente insinua, que a OMS oriente os pais a incentivar os filhos a se tocar, mas sim orienta que conversem sobre as mudanças ocorridas ao longo do tempo do desenvolvimento humano.
O órgão deixa claro o caráter sugestivo em uma tabela voltada a crianças de 0 a 4 anos. Na coluna “give information about” (“dê informação sobre”, em tradução para o português), na linha sobre sexualidade, a entidade aconselha conversar com as crianças sobre, entre outros temas, “o fato de que gostar do contato físico algo comum à vida de todas as pessoas.”
Bolsonaro x OMS
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro tem feito críticas não só a OMS, mas ao seu diretor-presidente, Tedros Ghebreyesus.
A organização defende o isolamento social amplo, medida que tem sido criticada sistematicamente pelo presidente no último mês em diversas falas públicas. Além disso, Bolsonaro já disse que não seguiria as recomendações do órgão por Tedros não ser médico. O diretor da OMS é biólogo com mestrado e doutorado em saúde pública.
A publicação de Bolsonaro, ainda que tenha sido apagada logo na sequência, gerou uma repercussão muito negativa entre nomes de oposição.
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News Paraíba com Yahoo! Notícias