Vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e presidente do órgão a partir do final de maio, o ministro Luís Roberto Barroso criticou neste domingo, 19, as recentes manifestações de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro favoráveis à intervenção militar e ao retorno dos anos de chumbo. Também ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Barroso veio a público após protestos no fim de semana manifestarem apoio ao uso dos militares contra a atual ordem democrática.
Segundo a Veja, no início da tarde de domingo, o próprio presidente Bolsonaro compareceu a uma manifestação, em frente ao QG do Exército, que, entre outros pontos, pedia o fechamento do Congresso Nacional e do STF, a volta do AI-5 e a intervenção militar. Aos gritos de “mito”, “queremos intervenção” e “a nossa bandeira jamais será vermelha”, manifestantes portavam bandeiras do Brasil e faixas com dizeres como “intervenção militar com Bolsonaro”, “fora Maia”, em referência ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e “A voz do povo é soberana”. “Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso”, disse o magistrado em suas recém-inauguradas redes sociais.
“É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever”, completou ele. Normalmente avesso à postura de juízes que, em sua avaliação, atuam como comentaristas políticos, Barroso justificou a manifestação de hoje com uma frase do ativista político e Nobel da Paz Martin Luther King, segundo o qual “pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons”.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também recorreu às redes sociais para condenar a atuação de Jair Bolsonaro no que chamou de “manifestações antidemocráticas”. “Lamentável que o presidente adira a manifestações antidemocráticas. É hora de união ao redor da Constituição contra toda ameaça à democracia. Ideal que deve unir civis e militares; ricos e pobres. Juntos pela liberdade e pelo Brasil”, disse.
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