O Supremo Tribunal Federal consultou o núcleo de generais que cercam o presidente Jair Bolsonaro para saberem a real intenção do presidente de participar de um ato que tinha como umas das defesas o fechamento da corte e do Congresso Nacional. A conversa ocorreu entre o presidente do STF, Dias Toffoli, e os ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, e da Secretaria de Governo, general Luiz Ramos. O tom da fala de Toffoli foi no sentido de entender o significado da ida do presidente a um ato que tinha por objeto a intervenção militar e o fechamento do Congresso e do STF. Também disse haver “ambiguidade” nas falas presidenciais e que era preciso deixar claro seus objetivos para evitar uma sensação permanente de que a democracia brasileira corre risco.
Os generais lhe disseram que não havia qualquer interesse do presidente em uma ruptura e pediu que fosse verificada a fala de Bolsonaro em si, na qual, segundo eles, não havia qualquer defesa dele de fechamento de instituições. Toffoli, segundo uma fonte, disse que “a institucionalidade tem limites para aguentar ambiguidades”. Dentre os generais que estão non entorno do presidente, a avaliação é a de que o foco do presidente era o de flexibilizar a política de isolamento, e não de endossar protestos antidemocráticos.
Segundo o CNN Brasil, eles se reuniram com Bolsonaro após o episódio neste domingo no Palácio da Alvorada para uma reunião de conjuntura políticas. Garantem que ela já estava prevista antes da polêmica participação do presidente nos atos. O encontro serviu para tratarem de assuntos diversos. Ramos falou da articulação política, o ministro da Casa Civil, general Braga Neto, da coordenação do governo no combate à pandemia.
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, também participou. Os ministros também trataram da transição no Ministério da Saúde e, claro, dos episódios do dia. Foi avaliada a grande reação de parlamentares, dirigentes partidários, do Judiciários, de governadores e órgãos de entidades civis ao gesto do presidente, o que ajudou a motivar sua manifestação na manhã desta segunda-feira. Segundo generais da ativa com quem a CNN conversou nesta segunda-feira, a posição do Exército é a de não ser confundido com uma instituição de governo. A associação com a instituição causou desconforto, mas há a leitura de que qualquer ruptura institucional não está no radar das Forças Armadas, O comandante do Exército, Edson Pujol, não se manifestará sobre o episódio.
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