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Foragido por ataque ao Porta dos Fundos assume autoria do ato

O empresário Eduardo Fauzi, de 41 anos, apontado como responsável por orquestrar o ataque à sede da produtora Porta dos Fundos, no bairro do Humaitá, na Zona Sul do Rio de Janeiro, assumiu a autoria do atentado, ocorrido na véspera de Natal, neste sábado, 4.

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Em entrevista ao”Projeto Colabora”, Fauzi classificou o especial de fim de ano do canal como um “ato de profanação” e afirmou que “uma blasfêmia sempre será infinitamente pior do que qualquer reação contra ela”. Fauzi é procurado pela Polícia Civil do estado desde a terça-feira 31. Ele viajou para Moscou, capital da Rússia, e seu nome foi incluído no rol de procurados pela Interpol nesta quinta-feira 2.

“Quando não há formas de responder aos ataques feitos à fé, e, sobre tudo, a Deus, além de nos depararmos com autoridades completamente inertes omissas ou até coniventes, que têm o poder de solucionar a questão e cessar a ofensa, mas não o fazem e se recusam a fazer, ou até mesmo defendem os atos criminosos e blasfemos, não resta outra forma do que responder com as próprias mãos”, justificou o ataque.Segundo ele, não houve risco à integridade de um segurança que estava na produtora, porque, ainda de acordo com Fauzi, o homem “dormia protegido por uma porta de blindex”.

“Dizer que o segurança passou por risco de vida é também uma acusação ridícula e exagerada que distorce completamente a verdade real. O atentado é pífio do ponto de vista militar – sem baixas ou danos – e foi pensado e perfeitamente executado para ser puramente simbólico e gerar reflexão na sociedade”, afirmou.

O empresário foi o único dos cinco suspeitos que não usava capuz na hora do ataque com coquetéis molotov à produtora do canal humorístico. Ele diz não temer ser preso. “Eu já fui preso antes e pude extrair algum aprendizado do evento”, disse ao portal, porém, ponderou que vai pedir asilo no país. Em publicação nesta sexta-feira 3, Veja destrinchou o perfil de Fauzi.

Ao pesquisar a sua ficha criminal, a Polícia Civil constatou que Fauzi tem um histórico longo de hostilidades. São cerca de 20 registros por agressão, lesão corporal, desacato, extorsão e por crimes previstos na Lei Maria da Penha. Os investigadores suspeitam que ele comandava com mãos de ferro uma rede de estacionamentos irregulares no centro do Rio, fazendo ameaças a adversários que disputavam com ele o controle de ruas e vagas.

A sua família também é dona de postos de gasolina e atua na venda e compra de imóveis. Em entrevistas passadas, Fauzi se proclamava presidente de uma Associação de Guardadores de Veículos, representante de camelôs e ambulantes e um ex-militante de movimentos estudantis. Ele também aparece em um inquérito aberto em 2011 que apura a atuação de milícias que controlam estacionamentos ilegais no Rio.

O histórico de violência não para por aí. Ele já foi preso por socar o rosto de um secretário municipal do Rio e por envolvimento em atos de black blocs (mascarados ou encapuzados que praticam atos durante protestos) em 2013 – por este último episódio, chegou a receber a solidariedade da ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, uma das líderes das manifestações daquele ano.A polícia também descobriu que ele já teria se envolvido em brigas de bar na Rússia. Aliás, o país é um destino frequente de Fauzi – só no ano passado, ele foi três vezes para lá. Familiares confirmaram aos investigadores que ele tem uma namorada russa, com quem teve um filho. A polícia também encontrou em sua casa livros sobre o premiê Vladimir Putin e anotações em russo, que mostram que ele estava tentando aprender a língua.

Além disso, foram encontrados cerca de 119.000 reais e 140 euros em espécie, simulacros de armas de foco e facas de artes marciais.

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