Claro
Escuro

Copom define hoje nova taxa de juros; expectativa é de que BC acelere ritmo de alta da Selic

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central define nesta quarta-feira (11) a nova taxa de juros da economia brasileira. Na mesma linha prevista pelo mercado, economistas ouvidos pelo R7 avaliam que a última reunião do ano do colegiado deve terminar com a decisão de aumentar o ritmo de ajustes. A piora das expectativas inflacionárias, a desvalorização do real e o cenário fiscal desafiador apontam para uma alta da Selic de 0,75 ponto percentual, chegando a 12% ao ano. No entanto, um aumento ainda maior, de 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, não está descartado.

- Continua depois da Publicidade -

Caso ocorra, esta será a terceira alta consecutiva desde setembro, e a maior desde março de 2022, quando o Copom aumentou a Selic em 1 ponto percentual.

O economista Hugo Garbe, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirma que a inflação acima da meta e o cenário fiscal desafiador podem ser determinantes para a decisão do Copom de aumentar a Selic novamente.

“A inflação está acima do teto da meta, o que exige uma política monetária restritiva para ancorar expectativas. O aumento de preços de bens e serviços essenciais, como alimentos e energia, contribui para a elevação do índice. O aumento nos gastos públicos e dificuldades em equilibrar o orçamento também geram desconfiança no mercado, pressionando a curva de juros futuros e aumentando a percepção de risco”, diz.

O professor César Bergo, presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, acredita que questões como o pacote fiscal apresentado pelo governo e a indefinição sobre a reforma tributária pesam “bastante” para o BC.

“Também temos ainda a questão das despesas públicas que aumentaram, e a proposta do governo não agrada o mercado e não agrada as contas públicas também. Essa perspectiva aberta de isenção de Imposto de Renda também pesou. Existe uma expectativa de inflação maior nos próximos meses”, ressalta.

 
A Selic é o principal instrumento para controlar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do país. Juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. No entanto, taxas maiores dificultam o crescimento econômico.

Projeções

A reunião desta quarta é a última com Roberto Campos Neto à frente do Banco Central. O economista Gabriel Galípolo vai comandar a instituição a partir de 2025.

César Bergo explica que a perspectiva para o próximo ano é “preocupante” em função dos fatores fiscais e externos, com a posse de Donald Trump nos Estados Unidos.

“Essa restrição monetária vai continuar nos próximos encontros inclusive sob o comando de Galípolo. Vamos aguardar os próximos passos, mas a tendência é que o Banco Central mantenha um alerta e deva realmente agir com maior restrição”, afirma.

Histórico

De março de 2021 a agosto de 2022, o Banco Central elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de “aperto monetário” em resposta à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis.

Desde agosto de 2023, começou a sequência de cortes de 0,5 ponto percentual em cada reunião, até maio deste ano, quando a redução foi de 0,25 ponto porcentual, em placar dividido, com quatro diretores indicados pelo governo Lula votando por um corte maior, de 0,5 ponto percentual.

A taxa se manteve em 10,5% ao ano nos dois meses seguintes. Em setembro, veio a primeira alta, de 0,25 ponto percentual. Na última reunião, em novembro, o aumento foi maior, de 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano.

Entenda a Selic

A taxa básica de juros é uma forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo.

Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando os juros básicos são reduzidos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.

A Selic é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

É a taxa Selic que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo em empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.

Foto: Reprodução Google. 

Mais Lidas