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Pedofilia na internet: mais de 1 milhão de usuários do Telegram compartilham imagens de abuso sexual infantil

Especialistas em segurança digital vão entregar nesta quarta-feira (23), ao Ministério Público Federal, um relatório sobre crimes sexuais contra crianças na internet.

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Um relatório da SaferNet, que é uma ONG especializada em segurança digital, revela a facilidade com que a pornografia infantil é comprada e vendida em grupos de bate-papo e canais da plataforma Telegram.

Durante três meses, de julho a setembro, a pesquisa encontrou 41 comunidades com diálogos ou trocas de conteúdo explícito.

“Uma simples foto de uma criança em uma rede social, ela pode… Nada impede que ela não possa ser retirada daquele contexto e usada, inclusive com o uso de inteligência artificial, para criar imagens sintéticas, imagens manipuladas, representando aquela criança em uma cena de nudez ou mesmo cena pornográfica”, afirma Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil.

Somente em uma das comunidades, a pesquisa contou 200 mil usuários. Somados, os participantes dos grupos chegam a 1,25 milhão. Mesmo descontando a presença de robôs e participantes repetidos, é um número expressivo.

Médicos e educadores apontam os caminhos que as famílias devem seguir diante de tantos riscos.

“Conversar bastante, orientar e nunca interagir com estranhos, jamais interagir com estranhos. Tem que tomar muito cuidado também com as fotografias que ele posta, de preferência em grupos, de preferência acompanhando os pais, de preferência não de frente. A vida online tem que ser restrita e supervisionada”, afirma o pediatra e sanitarista Daniel Becker.

A pesquisa mostra que, embora os grupos e canais sejam abertos a participantes do mundo todo, existem sinais da grande presença de brasileiros. Os pedófilos conversam em códigos, e quase metade das palavras usadas por eles estava em português, à frente de termos em espanhol ou em inglês.

Segundo os responsáveis pela pesquisa, a presença tão grande de pedófilos no Telegram não é coincidência. Esse serviço de mensagens tem características que facilitam o crime.

“É um aplicativo que não tem times de segurança, não existem canais de denúncias apropriados, não existe moderação de conteúdo, não existem ferramentas de detecção. A empresa acaba atuando como uma plataforma a serviço do crime”, afirma Thiago Tavares, presidente da SaferNet.

O dono do Telegram, o russo Pavel Durov, foi preso em agosto na França por, entre outras acusações, não coibir o crime na plataforma. Ele responde em liberdade, mas está proibido de deixar o território francês.

O Telegram não deu retorno ao contato do Jornal Nacional.

Foto: Ivan Radic.

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