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Deolane Bezerra seguirá presa após audiência de custódia; influenciadora foi detida em operação contra lavagem de dinheiro e jogos ilegais

A empresária e influenciadora digital Deolane Bezerra teve a prisão mantida pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), depois de passar por uma audiência de custódia nesta quinta-feira (5). Ela foi detida na véspera, em uma operação policial contra uma quadrilha suspeita de lavagem de dinheiro e jogos ilegais.

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De acordo com o TJPE, a audiência aconteceu na Central de Audiências de Custódia do Recife, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano. Deolane participou por videoconferência, já que está na Colônia Penal Feminina do Recife, no bairro da Iputinga, na Zona Oeste da cidade.

A mãe da influenciadora, Solange Bezerra, também teve a prisão analisada na mesma sessão e permanecerá detida na Colônia Penal Feminina do Recife.

Foi determinada ainda a manutenção da prisão de Maria Bernadette Pedrosa Campos. De acordo com documentos aos quais a TV Globo teve acesso, ela é mãe de Eduardo Pedrosa Campos, sócio de uma corretora de seguros e investigado pela operação.

A defesa de Deolane fez um pedido de habeas corpus, alegando ilegalidade da prisão preventiva, mas o desembargador Cláudio Jean Nogueira Virgínio, da 12ª Vara Criminal da Capital, do TJPE, determinou a redistribuição do pedido para o desembargador Eduardo Maranhão, da 4ª Câmara, para que ele faça a análise.

Na tarde desta quarta-feira (4), Deolane e sua mãe, Solange Alves Bezerra passaram por exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML), no Centro do Recife, e foram encaminhadas à Colônia Penal Feminina.

Segundo a Secretaria de Ressocialização de Pernambuco (Seap), por conta da repercussão do caso, foram tomadas algumas medidas de segurança dentro da penitenciária, para garantir a integridade física da empresária. Deolane e Solange passaram a noite em uma cela reservada.

Na manhã desta quinta, foi reforçado o esquema de segurança em frente ao local, com policiais da Grupo de Operações de Segurança da Polícia Penal de Pernambuco. As irmãs de Deolane, Daniele e Dayanne Bezerra, estiveram na Colônia Penal Feminina e foram recebidas pessoas com com cartazes.

Na noite anterior, Daniele e Dayanne tentaram ver a mãe e a irmã, mas foram impedidas de entrar porque estavam fora do horário de visita.

Como foi a operação

-A terceira fase da operação “Integration” foi deflagrada nesta quarta-feira para cumprir 19 mandados de prisão.

-Entre os presos, estão Deolane Bezerra e a mãe dela, Solange Bezerra. Entretanto, não foi divulgada qual seria a participação delas nos supostos crimes nem os nomes dos outros alvos.

-Deolane estava em viagem com a família quando foi presa, em um hotel no bairro de São José, na região central do Recife.

-Em uma carta divulgada após a prisão, ela negou participação em crimes.

-Também foram expedidos 24 mandados de busca e apreensão, cumpridos em seis estados: Goiás, Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Pernambuco e São Paulo.

Como funcionava o esquema

Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP):

-Cerca de R$ 3 bilhões foram movimentados por quadrilha que usava empresas de eventos e casas de câmbio para lavar dinheiro de jogos ilegais.

-Esse valor foi movimentado de janeiro de 2019 a maio de 2023 em contas correntes, em aplicações financeiras e dinheiro em espécie, provenientes dos jogos ilegais.

-A quadrilha usava empresas de eventos, publicidades, casas de câmbio e seguros para lavagem de dinheiro por meio de depósitos e transações bancárias.

-O dinheiro era lavado por meio de depósitos fracionados em espécie, transações bancárias entre os investigados com saque imediato do montante, compra de veículos de luxo, aeronaves, embarcações, joias, relógio de luxo, além da compra de centenas de imóveis.

-Os investigadores identificaram transações atípicas de pessoas físicas e jurídicas, que indicam indícios de crimes financeiros, sem nenhum suporte para as transações comerciais e financeiras feitas pelo grupo.

-A maioria dos integrantes tem padrão de vida incompatível com a renda e bens declarados.

A investigação

-A investigação contou com a participação das Polícias Civis dos estados em que houve cumprimento de mandados e até mesmo da Interpol.

-A apuração dos crimes começou em abril de 2023, a partir da apreensão de R$ 180 mil em espécie em 1º de dezembro de 2022.

-A operação “Integration” é a terceira fase da operação contra o grupo criminoso, mas detalhes não foram divulgados detalhes sobre as outras duas etapas.

-Uma das empresas que está sendo investigada pela operação é a plataforma de apostas online Esportes da Sorte, que patrocina times de futebol como o Corinthians, Athletico-PR, Bahia, Grêmio, Palmeiras, Ceará, Náutico e Santa Cruz. Em nota, a empresa disse ter compromisso com a verdade e com o cumprimento de seus deveres legais.

Bens apreendidos

De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, também foi decretado o sequestro de bens dos alvos da operação. Entre os itens apreendidos, estão:

-11 relógios da marca “Rolex”;
-2 helicópteros;
-1 avião, que pertence ao cantor Gusttavo Lima;
-carros de luxo, sendo um na mansão de Deolane Bezerra;
-embarcações;
-imóveis;
-joias;
-notas de dinheiro em euro e dólar;
-bolsas de luxo;
-e garrafas de vinho (cada uma delas avaliada em torno de R$ 5 mil).

O que dizem Deolane e a Esportes da Sorte

O escritório da advogada Adélia Soares, que defende Deolane e Solange, publicou uma nota nas redes sociais em que diz que a investigação é sigilosa e que a empresária está à disposição das autoridades. Já em carta publicada no Instagram, a influenciadora afirmou que está sofrendo “uma grande injustiça” e que ela e a família são vítimas de preconceito.

Também procurada pelo g1, a Esportes da Sorte disse, por meio de nota, que:

-Ratifica o compromisso com a verdade, “com o jogo responsável e, principalmente, com o cumprimento de todos os seus deveres legais”.

-A casa de apostas está “de portas abertas” para apresentar documentos, esclarecer dúvidas e prestar “apoio irrestrito” a qualquer ação investigatória.

-Atua sempre com transparência e está sem acesso aos autos do inquérito e às razões da ação policial.

-Já o advogado Pedro Avelino, que representa o dono da Esportes da Sorte, Darwin Henrique da Silva Filho, disse, em entrevista à TV Globo, que precisa entender o contexto da operação e que o cliente se colocou à disposição da autoridade policial há mais de um ano e meio.

Foto: Reprodução Google.

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