A febre oropouche se tornou uma preocupação no Brasil em 2024 devido ao aumento significativo do número de pessoas infectadas e à confirmação das primeiras mortes decorrentes da doença. A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia informou, na terça-feira (23), que duas mulheres diagnosticadas com essa enfermidade faleceram. Santa Catarina investiga outro óbito. São os primeiros casos de morte relacionados à febre oropouche já documentados no mundo.
O Ministério da Saúde contabiliza neste ano 7.044 casos de febre oropouche, em 16 estados: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins.
O que é a febre oropouche
A febre oropouche é uma doença viral causada pelo vírus oropouche (OROV), pertencente ao gênero Orthobunyavirus. Esse patógeno foi identificado pela primeira vez no Brasil em 1960 e é encontrado principalmente na região Amazônica e em outros países da América Latina.
O Brasil lidera o número de casos neste ano, mas há também registros no Peru, Colômbia, Bolívia e Cuba, segundo a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde)
A transmissão da febre oropouche ocorre quando um mosquito pica uma pessoa ou animal infectado e, posteriormente, pica uma pessoa saudável, transmitindo o vírus presente em seu organismo.
Após picar um hospedeiro infectado, o vírus se replica no mosquito por alguns dias. Quando o mosquito infectado pica outra pessoa, ele injeta o vírus na corrente sanguínea da nova vítima, iniciando assim o ciclo de infecção. Esse processo é essencial para a disseminação do vírus em áreas onde os mosquitos vetores estão presentes.
Existem dois ciclos de transmissão, segundo o Ministério da Saúde:
-Ciclo Silvestre: Envolve animais como bichos-preguiça e macacos. Mosquitos como Coquillettidia venezuelensis e Aedes serratus também podem ser vetores.
-Ciclo Urbano: Humanos são os principais hospedeiros, com Culicoides paraenses (conhecido como maruim) e, ocasionalmente, Culex quinquefasciatus como vetores.
Há indícios de que a transmissão também pode ocorrer de mãe para filho durante a gestação (transmissão vertical).
Sintomas da febre oropouche
Os sintomas da febre oropouche são similares aos de outras arboviroses e incluem:
-Febre;
-dor de cabeça;
-fraqueza;
-sensibilidade à luz;
-dores musculares;
-dores nas articulações;
-dores abdominais;
-dores atrás dos olhos;
-manchas vermelhas no corpo;
-náusea;
-diarreia;
A Opas afirma que, normalmente, os sinais mais agudos da febre oropouche duram de cinco a sete dias.
Em alguns casos, pode haver sintomas neurológicos, como encefalite — quando o vírus infecta o cérebro e provoca uma inflamação.
Nos casos das pacientes mortas na Bahia, a Secretaria de Saúde informou que o quadro de saúde delas evoluiu com sinais mais graves, como: manchas vermelhas e roxas pelo corpo, sangramento nasal, gengival e vaginal, sonolência e vômito com hipotensão (pressão baixa), sangramento grave, e apresentaram queda abrupta de hemoglobina e plaquetas no sangue.
Pessoas que tiverem quadros graves podem levar semanas para se recuperar completamente.
Confusão com outras doenças
A febre oropouche pode ser confundida com outras doenças devido à similaridade dos sintomas. As principais doenças com as quais ela pode ser confundida são:
-Dengue: caracterizada por febre alta, dores musculares, dor de cabeça e dor atrás dos olhos;
-chikungunya: apresenta sintomas como febre, dores intensas nas articulações e músculos, além de dor de cabeça e náusea;
-zika: inclui febre baixa, erupção cutânea, dores nas articulações e músculos, e conjuntivite.
Tratamento e prevenção
De acordo com o R7, não existem vacinas nem medicamentos específicos para a febre oropouche. Pacientes infectados pelo vírus são monitorados, e os sintomas são tratados conforme surgem. Por exemplo, se há febre, é administrado antitérmico; se há dores, analgésico, etc.
O Ministério da Saúde recomenda medidas de proteção semelhantes à de prevenção contra outras doenças transmitidas por mosquitos. São elas:
-Evitar áreas onde há muitos mosquitos, se possível;
-usar roupas que cubram a maior parte do corpo;
-aplicar repelente nas áreas expostas da pele;
-manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas.
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