O governo da Alemanha oficializou a doação de até R$ 136 milhões (25 milhões de euros) para projetos de descarbonização da indústria nos setores siderúrgico e cimenteiro no Brasil.
De acordo com o R7, o aporte foi formalizado por meio de uma chamada pública em que empresas de todo o mundo podem apresentar projetos. Os finalistas serão anunciados no final do ano.
Os recursos são voltados à Iniciativa Internacional do Clima (IKI), mecanismo de cooperação alemã que estava há 5 anos sem chamadas bilaterais. A iniciativa tem origem na assinatura da Declaração Conjunta de Intenção sobre a Parceria para uma Transformação Ecológica Justa Brasil-Alemanha.
Os projetos deverão capacitar o setor produtivo e governos para atuar de acordo com normas internacionais, tecnologias disponíveis, economia circular, eficiência energética e divulgação financeira relacionada a clima, entre outras frentes de trabalho.
Destinação dos recursos
Entre as destinações dos recursos estão também projetos de desenvolvimento e financiamento de atividades em áreas relacionadas à eficiência energética, substituição de combustíveis fósseis e tecnologias disruptivas. Além disso, estão previstas propostas para simplificar financiamentos e facilitar parcerias entre a indústria e outros agentes.
Além do financiamento industrial, o acordo prevê chamadas para o combate ao desmatamento em biomas não amazônicos (até 30 milhões de euros) e cidades sustentáveis e resilientes (até 10 milhões de euros), totalizando até 65 milhões de euros.
Investimentos suspensos
Em 2019, o governo alemão havia cortado R$ 155 milhões em investimentos na Amazônia por causa da alta registrada na época no desmatamento da floresta. O corte, no entanto, não tinha relação com os recursos do Fundo Amazônia, criado em 2008 para financiar ações de prevenção e combate ao desmatamento na Amazônia Legal.
Retomada dos investimentos
Em janeiro de 2023, durante a estada no Brasil para a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse ao governador do Amazonas, Wilson Lima (União), que pretendia retomar os investimentos.
Na ocasião, Steinmeier foi ao Amazonas conhecer projetos financiados pelo governo alemão. Entre eles está a Torre Atto, em São Sebastião do Uatumã, a cerca de 240 quilômetros de Manaus. Essa torre monitora as condições climáticas da região e as questões do efeito estufa, sob a coordenação de pesquisadores brasileiros e alemães.
Ainda em janeiro, a ministra da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, Svenja Schulze, anunciou um aporte de aproximadamente R$ 1 bilhão para um pacote de medidas de prevenção e combate ao desmatamento e desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Foto: Gilberto Soares.