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11% das doses de vacina contra a dengue distribuídas foram aplicadas nas primeiras semanas da campanha

Desde o início da campanha de vacinação contra a dengue, em 9 de fevereiro, apenas 11% das doses distribuídas pelo Ministério da Saúde aos estados e municípios foram aplicadas no público-alvo da campanha.

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De acordo com o G1, foram distribuídas 1.235.236 doses da vacina até o dia 1º de março para 521 municípios de regiões endêmicas do país. Até o fim do domingo (3), o balanço apontava 135.599 doses foram aplicadas do público-alvo, que são as crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos.

“Tem a ver com a distribuição de chegada nos estados, nos municípios, nos postos, a comunicação. Não se tem uma adesão imediata, em geral, numa distribuição ainda tão fracionada desse jeito, como foi, para um foco, para um público tão específico”, comentou Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

De acordo com os dados do painel de monitoramento das arboviroses, do Ministério da Saúde, o Brasil passou de 1 milhão de casos (prováveis e confirmados) de dengue neste ano. Foram 1.038.475 nos dois primeiros meses do ano. No mesmo período do ano passado, o Brasil tinha 207.475 casos.

“Tudo indica que a gente caminha para o mesmo padrão de curva com pico em março e abril, o que significa triplicar ou dobrar, pelo menos o número de casos desse ano em relação ao ano passado”, avalia Renato.

Até o momento, 256 mortes foram confirmadas e 651 seguem em investigação. Em 2023, foram 149 mortes entre as semanas 1 e 8.

Das mortes registradas até o dia 27 de fevereiro, 42% foram pessoas de mais de 70 anos e, 10%, as vítimas tinham entre 30 e 39 anos.

O Ministério da Saúde afirma que “está em constante monitoramento e alerta para o aumento de casos de dengue no Brasil, coordenou uma série de ações para o enfrentamento das arboviroses, intensificou os esforços e reforçou a conscientização sobre medidas de prevenção”.

O público-alvo da campanha de vacinação (10 a 14 anos) corresponde a um total de 3.250 milhões de pessoas, segundo o Ministério da Saúde.

O Ministério recebeu, ao todo, 6,5 milhões de doses para atender ao público-alvo com um esquema vacinal em duas doses, que serão distribuídas aos municípios selecionados de forma progressiva, ao longo dos próximos meses.

Baixa adesão no Rio

Na cidade do Rio de Janeiro, apenas 26,7%, ou cerca de uma em cada quatro, das 140 mil crianças de 10 e 11 anos, foram vacinadas contra a dengue, até agora.

A vacina contra a dengue é destinada ao público de 10 a 14 anos. Nesta faixa etária, a Secretaria Municipal de Saúde da cidade prevê vacinar 354 mil pessoas, no total.

No momento, crianças de 10 e 11 anos estão sendo vacinadas, mas apenas 37,5 mil receberam o imunizante contra a dengue na capital fluminense.

A baixa adesão à vacina ainda preocupa autoridades. A vacinação na cidade está ocorrendo por fases e vai atingir o público até 14 anos.

O calendário na capital foi ampliado, e atualmente estão podendo ser vacinadas crianças de 10 e 11 anos. As demais fases serão anunciadas nos próximos dias. A vacina está disponível em todas as 238 unidades de atenção primária do município do Rio.

Epidemia no Rio

O Rio de Janeiro vem sofrendo com a atual epidemia de dengue em todo o estado. Somente na capital e na Baixada Fluminense, o número de casos é 20 vezes maior que o esperado para esta época do ano.

Em todo o estado, já são 14 mortes por complicações da dengue. Ao todo, mais de 80 mil casos (84.861). 2.556 pessoas estão internadas em unidades públicas do estado, em tratamento. A incidência da dengue é de 529 casos a cada 100 mil habitantes no estado.

Os dados são do painel de arboviroses do Centro de Inteligência em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde. Em 2023, o estado registrou 51.436 casos e 36 mortes pela doença.

O aumento dos casos de dengue levou o governo estadual a decretar epidemia no Rio de Janeiro.

Na cidade do Rio já são 46.409 casos de dengue e duas mortes confirmadas. A incidência da doença é de 734,27 casos a cada 100 mil habitantes.

O infectologista Renato Kfouri avalia que é necessário capacitar os profissionais de saúde e promover assistência adequada para quem adoeceu.

”O desafio é investir na atenção dos indivíduos doentes, orientar os sinais de alerta, ter testes, ter hospitais, ter leitos, ter tudo disponível para a gente minimizar o dano desse ano, que já está posto. E é lógico, as estratégias de longo prazo, o controle de mosquito, de vetor, mais vacinas”, finaliza.

Foto: José Cruz.

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