O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (1º), quando o Brasil assume a presidência temporária do G20, bloco que reúne as maiores economias do mundo, que o compromisso do grupo é pôr no centro da agenda internacional o combate à fome, à extrema pobreza e à desigualdade.
“Os olhos do mundo estarão voltados para nós. Para o Brasil assumir a presidência do G20, é mais do que uma honra, é um compromisso. Compromisso de colocar o combate à fome, à extrema pobreza e à desigualdade no centro da agenda internacional. Não é possível que tanto dinheiro continue na mão de tão poucas pessoas, e tantas pessoas não terem o dinheiro para comer o mínimo necessário para sua sobrevivência”, disse Lula.
“O compromisso de convencer os países ricos que não existem dois planetas Terra, que é urgente enfrentar com determinação a crise climática. E esse enfrentamento não terá sucesso sem compensação financeira desses países, que, ao longo da história, devastaram o meio ambiente em nome do progresso a qualquer custo. O planeta precisa com urgência de uma transição energética, e o Brasil reúne todas as condições de produzir energia verde de que o mundo precisa”, acrescentou.
Lula ressaltou que outro compromisso brasileiro é por uma nova governança global. “Não é possível que as organizações financeiras, criadas há quase 80 anos, continuem funcionado com os mesmos paradigmas, sem levar em conta as alterações estruturais do século 21. Só teremos um crescimento sustentável de verdade direcionando esforços e recursos em prol da produção, do trabalho e do emprego”, argumentou.
G20
De acordo com o R7, o mandato da presidência temporária tem duração de um ano e se encerrará em 30 de novembro de 2024. É a primeira vez que o país ocupa essa posição na história do grupo no formato atual, depois de organizar uma reunião do nível ministerial em 2008, em São Paulo. Nessa fase, o Brasil vai criar duas forças-tarefa: combate à desigualdade e aliança global contra a fome e a mudança do clima.
Durante o mandato, o Brasil vai organizar mais de cem reuniões de grupos de trabalho, que serão realizadas virtual e presencialmente, e 20 reuniões ministeriais. O ponto mais alto será a próxima cúpula do G20, programada para os dias 18 e 19 de novembro do ano que vem, no Rio de Janeiro.
A primeira reunião da comissão brasileira que trata do G20 ocorreu no fim de novembro. Lula anunciou as duas forças-tarefa e uma iniciativa de bioeconomia. Na ocasião, o presidente brasileiro afirmou que os ministros e as ministras “vão ter que se virar em dois ou em duas” para que o país possa atender às necessidades e não “deixar a peteca cair”.
“Os ministros têm que ter a consciência do seguinte: todo mundo vai ter muita tarefa. Mas é importante vocês não esquecerem que foram eleitos e deixarem os ministros para governar o Brasil. A prioridade é a função para a qual vocês foram escolhidos para serem ministros. Vocês vão ter que se virar em dois ou em duas para que a gente possa atender às necessidades da organização do G20 e para que a gente não possa deixar a peteca cair”, disse.
A presidência brasileira do G20 vai ter um eixo condutor para a redução das desigualdades. Segundo Lula, três linhas de ação vão estruturar os trabalhos: inclusão social e combate à fome e à pobreza; transição energética e desenvolvimento sustentável; e reforma da governança global. O lema escolhido é “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”.
O grupo do G20 é formado por África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia, União Europeia e União Africana, que recebeu status de membro na Cúpula de Nova Déli, em setembro. O G20 responde por cerca de 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e dois terços da população mundial.
Foto: Pedro Ladeira.