O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, classificou como “uma vergonha” a falta de consenso e de ação do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. A declaração ocorreu nesta segunda-feira (30), durante a reunião de emergência do colegiado, em Nova York, nos Estados Unidos.
“É uma vergonha que a gente não consiga dar uma resposta para o que está acontecendo […]. Continuamos em um impasse devido a divergências internas, especialmente entre alguns membros permanentes, e graças à utilização persistente do Conselho para atingir propósitos de seu próprio interesse, em vez de colocar a proteção dos civis acima de tudo”, disse o chanceler brasileiro.
“Enquanto milhares de pessoas em Israel e na Palestina choram pelos seus entes queridos, enquanto os israelitas sofrem com o destino dos reféns, enquanto os habitantes de Gaza sofrem sob operações militares implacáveis que matam civis, incluindo um número intolerável de crianças, temos os meios para fazer alguma coisa e, no entanto, falhamos repetidamente e vergonhosamente.”
– MAURO VIEIRA, MINISTRO DE RELAÇÕES EXTERIORES, EM REUNIÃO EM NOVA YORK
O ministro também disse que é preciso se posicionar para garantir a libertação dos reféns que estão com o Hamas, além de garantir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. “Se não agirmos agora, quando agiremos? Quantas vidas mais serão perdidas até que saiamos da retórica e cheguemos à ação?”, provocou.
Ele ainda ressaltou que crianças têm sido punidas por crimes que não cometeram. Segundo o chanceler, mais de 8.000 pessoas morreram desde o início da guerra, 3.000 delas crianças.
Segundo o ministro, “nada justifica” os crimes cometidos pelo Hamas em 7 de outubro — quando o grupo terrorista massacrou civis em Israel —, mas ele ponderou que a ofensiva israelense na Faixa de Gaza é “chocante” e “indefensável sob a lei humanitária internacional”.
Na última sexta-feira (27), a Assembleia-Geral da ONU aprovou a resolução da Jordânia que propõe uma trégua humanitária na Faixa de Gaza. O texto recebeu votos a favor de 120 países, como o Brasil, a Argentina e a China. Além das 45 abstenções, 15 nações foram contrárias, entre elas os Estados Unidos e Israel.
De acordo com o R7, a proposta foi votada na Assembleia após o Conselho de Segurança ter falhado quatro vezes em tomar medidas referentes à guerra. No entanto, ao contrário dos textos votados no Conselho de Segurança da ONU, as propostas apresentadas para votação na Assembleia-Geral não têm efeito de sanção nem de obrigação sobre os países citados.
Foto: Lula Marques.