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Lula promete zerar fome no Brasil até o fim de 2026; 70,3 milhões estão em insegurança alimentar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu, nesta sexta-feira (20), acabar com a fome no Brasil até dezembro de 2026. O presidente participou, por vídeo, da comemoração dos 20 anos do Bolsa Família. Foi o primeiro evento público dele desde as cirurgias às quais foi submetido, em setembro. “Hoje é dia de olhar fundo na cara dos nossos filhos e de cada criança e dizer que, até 31 de dezembro de 2026, nós vamos acabar com a fome neste país”, declarou, ao dirigir a palavra ao ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.

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Um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), prevê “até 2030 erradicar a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os pobres e pessoas em situações vulneráveis, incluindo crianças e idosos, a alimentos seguros, culturalmente adequados, saudáveis e suficientes durante todo o ano”.

O Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU em 2014, mas retornou em 2022. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 70,3 milhões de brasileiros estavam em situação de insegurança alimentar moderada em 2022, com dificuldades para se alimentar. No mesmo ano, 21,2 milhões de pessoas no país estavam em estado de insegurança alimentar grave — fome.

“Tenho certeza de que a ONU vai anunciar ao mundo que o Brasil outra vez acabou com a fome mais rápido do que na primeira vez. É importante que a sociedade brasileira saiba que isso não é favor de governo, é obrigação”, completou Lula.

Iniciativa social

O Bolsa Família, programa de transferência de renda criado no primeiro mandato do petista na Presidência, completa 20 anos neste mês. Para celebrar o marco, o governo federal realizou, nesta sexta-feira, evento com a participação de Lula por videoconferência.

O presidente se recupera, no Palácio da Alvorada, das duas cirurgias às quais foi submetido no fim de setembro. Os ministros do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, também participaram da cerimônia.

A iniciativa foi criada por medida provisória, em outubro de 2003, e convertida em lei em janeiro do ano seguinte. O programa unificou benefícios então existentes, como Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e Auxílio Gás. O primeiro pagamento foi feito em outubro de 2003 a 1,15 milhão de famílias e custou R$ 84,74 milhões. A transferência média daquele mês foi de R$ 73,67.

Na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o benefício passou a se chamar Auxílio Brasil. O programa foi relançado em março deste ano e, desde então, 2,15 milhões de famílias foram incluídas na lista de beneficiários. Em setembro, o programa investiu R$ 14,58 bilhões, para 21,47 milhões de famílias.

De acordo com o R7, o pagamento de outubro do Bolsa Família foi liberado na quarta-feira (18). A partir deste mês, o programa vai pagar um adicional de R$ 50 às famílias com bebês de até 6 meses. O valor extra, chamado de Benefício Variável Familiar Nutriz, será somado à parcela de R$ 600, paga mensalmente, mais o Benefício Primeira Infância, para crianças de até 6 anos, de R$ 150. Outro extra de R$ 50 por mês é pago desde julho por gestante, crianças a partir de 7 anos e adolescentes com idade entre 12 e 18 anos.

Resultados do programa

Um estudo mostrou que 3 milhões de famílias beneficiárias do programa Bolsa Família deixaram a pobreza neste ano. A pesquisa foi feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Banco Mundial, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

De acordo com o levantamento, em janeiro de 2023, havia 21,7 milhões de famílias inscritas no programa, das quais 4,5 milhões eram consideradas pobres. Em setembro, havia 1,5 milhão de famílias na pobreza entre os 21,2 milhões de beneficiários.

A linha de pobreza considerada no estudo corresponde a um rendimento de R$ 218 mensais por pessoa. Ainda segundo a pesquisa, não há ninguém no Bolsa Família em condição de pobreza extrema, ou seja, com renda per capita abaixo de R$ 109, já que todos recebem R$ 142 ou mais por pessoa na família.

Critérios para receber

Para ter direito ao Bolsa Família, a principal regra é que a renda de cada pessoa da família seja de, no máximo, R$ 218 por mês. Ou seja, se um integrante da família recebe um salário mínimo (R$ 1.320) e nessa família há sete pessoas, a renda de cada um é de R$ 188. Como está abaixo do limite de R$ 218 por pessoa, essa família tem o direito de receber o benefício.

Além disso, para permanecer no programa, é exigida a frequência escolar de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos das famílias beneficiárias, o acompanhamento pré-natal das gestantes, o acompanhamento nutricional das crianças de até 6 anos e a manutenção do cartão de vacinação atualizado.

A família elegível precisa, ainda, estar inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) com os dados atualizados.

Foto: Reprodução Google.

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