Após a saída da prisão de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, as defesas de outros presos em operação sobre fraude de cartão de vacinas vão reiterar pedidos de liberação de seus clientes.
De acordo com o G1, Cid foi solto por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão ocorreu após Cid colaborar com as investigações. Também foi solto o policial militar Max Guilherme.
A operação sobre os cartões de vacina foi deflagrada pela Polícia Federal em 3 de maio para apurar um suposto esquema de fraude em dados de vacinação envolvendo ajudantes do ex-presidente. Segundo a PF, houve fraude na carteira de vacinação de Bolsonaro. Seis pessoas foram presas na ocasião:
-o coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
-o sargento Luis Marcos dos Reis, que era da equipe de Mauro Cid
-o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros
-o policial militar Max Guilherme, que atuou na segurança presidencial
-o militar do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção pessoal de Bolsonaro
-o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha
Argumentos das defesas
Nesta segunda-feira (11), a defesa do capitão da reserva do Exército Sérgio Cordeiro protocolou um pedido para que ele deixe a prisão.
O advogado Luiz Eduardo Kunts afirma que as diligências da Polícia Federal já foram encerradas e que não há necessidade para a manutenção da prisão preventtiva e requer a liberdade provisória, com ou sem cautelares. Cordeiro está preso em Brasília e não prestou depoimento formal à PF desde a operação, segundo a defesa.
Segundo a investigação, Cordeiro emitiu certificado de vacinação com dados falsos em dezembro de 2022, às vésperas de embarcar para os Estados Unidos com o ex-presidente. Cordeiro trabalhava com Bolsonaro desde a época da Presidência. Após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o militar foi nomeado como um dos assessores que o ex-presidente tem direito, bancados pela União.
O advogado Marcos Crissiuma, que representa o ex-secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, também vai entrar com um novo recurso ainda nesta semana para a revogação da prisão.
Brecha está preso no Rio de Janeiro e, segundo o jornal “O Globo”, admitiu ter usado a senha de uma enfermeira para excluir do sistema do Ministério da Saúde dados falsos de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua filha.
A informação consta em um dos pedido de revogação de sua prisão preventiva feito ao ministro Alexandre de Morae. De acordo com a Polícia Federal, Brecha foi o responsável por inserir o registro falso sobre a imunização contra a Covid-19.
O advogado Alexandre Vitorino, defensor do sargento Luis Marcos dos Reis, que era da equipe de Mauro Cid, confirmou à reportagem que já fez quatro pedidos de soltura para seu cliente, sendo que nenhum deles foi analisado até o momento, e vai reiterar a solicitação de soltura.
Para ele, não há motivos para que a prisão seja substituida por outras medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.
Em depoimento à CPI dos Atos Golpistas, o sargento Luís Marcos dos Reis negou ter participado de esquema de falsificação de cartões de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro, familiares dele e assessores. Vitorino argumenta ainda que com a delação de Cid, não faz sentido que auxiliares do tenente-coronel sejam mantidos presos. A defesa alega ainda que os assessores não têm o mesmo nível de acesso de Mauro Cid e que eram, na verdade, “despachantes de providências práticas”.
A reportagem procurou a defesa do ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros, mas até o momento os advogados não foram contatados.
Defesa minimizam efeitos de delação
Questionados se a delação fechada por Mauro Cid com a PF poderia atingir seus clientes, os advogados minimizaram os efeitos do acordo.
Para Luiz Eduardo Kuntz, que representa o capitão da reserva do Exército Sérgio Cordeiro, é “zero” a chance de a delação afetar seu cliente.
Em relação ao ex-secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, o advogado Marcos Crissiuma diz que não há preocupação quanto à delação porque seu cliente não conhece Mauro Cid e nunca esteve com ele e que, portanto, não pode falar nada sobre Brecha.
O advogado Alexandre Vitorino afirma que a delação “apenas vai esclarecer a existência de uma estrutura hierárquica que tinha como foco o Cid e, acima dele, o presidente” e que ficará evidente é que Luis Marcos dos Reis era um “um simples sargento” e que “não tinha controle das ações”.
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