Um antiviral nasal foi capaz de bloquear a transmissão do coronavírus SARS-CoV-2 em furões, o que sugere, de acordo com os pesquisadores da Universidade de Columbia (EUA) que o desenvolveram, que o spray nasal também pode prevenir a covid-19 em pessoas incluindo a infecção por novas variantes.
O composto, um lipopeptídeo projetado para evitar que o novo coronavírus entre nas células, é barato de produzir, tem uma longa vida útil e não requer refrigeração, de acordo com um estudo publicado na quarta-feira (17) na revista Science.
O antiviral desenvolvido pelos pesquisadores Matteo Porotto e Anne Moscona foi testado até agora em furões, que são altamente suscetíveis à infecção por SARS-CoV-2 e têm pulmões semelhantes aos dos humanos.
Os resultados da pesquisa indicam que 100% dos furões não tratados com o spray foram infectados por seus companheiros de gaiola espalhando o vírus.
Segundo o R7, o novo composto reconhece a proteína Spike (S) do coronavírus e evita que ela se funda com a membrana celular para infectar as células.
Nos experimentos com furões, o lipopeptídeo foi administrado no nariz de seis furões. Os pares de animais tratados foram alojados com dois outros controles, que receberam um spray nasal de solução salina e um furão infectado.
Após 24 horas de intenso contato direto entre os furões, “os testes revelaram que nenhum dos furões tratados contraíram o vírus de seu companheiro de gaiola infectado e sua carga viral era zero, enquanto todos os animais de controle estavam altamente infectados”, dizem os desenvolvedores em comunicado.
Os autores testaram o lipopeptídeo em células infectadas com uma série de variantes do SARS-CoV-2, incluindo a variante britânica (B.1.1.7) e sul-africana (B.1.351), e descobriram que o composto evitou que a proteína S de todos eles se fundisse com a membrana celular “com a mesma eficiência da cepa dominante”.
O antiviral é facilmente administrado e, com base na experiência de cientistas com outros vírus respiratórios, a proteção seria imediata e duraria pelo menos 24 horas.
Os autores propõem que esses peptídeos podem ser usados em qualquer situação em que uma pessoa não infectada seja exposta, seja em uma casa, escola, ambiente de saúde ou comunidade.
Mesmo com grandes segmentos da população vacinada, esses antivirais “serão um complemento importante” para proteger os indivíduos e controlar a transmissão.
Pessoas que “não podem ser vacinadas ou não desenvolvem imunidade se beneficiarão especialmente com o aerossol”, observaram os autores.
A equipe está conduzindo estudos sobre a transmissão em modelos animais e sobre a produção e formulação de peptídeos. Eles esperam “trazer essa abordagem preventiva para os testes clínicos em humanos em breve”.
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