A Paraíba vem realizando o estudo do sequenciamento do genoma da Covid-19 desde o início da pandemia. O trabalho é uma parceria entre o Laboratório Central do Estado (Lacen-PB), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Esse estudo, que permite identificar as variantes do vírus circulante no território, é realizado em todos os estados da Federação, porém apenas a Paraíba, o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro enviaram amostras durante todo o ano de 2020 para o laboratório da FioCruz.
O sequencimanto do genoma do vírus permite saber quais as interações do vírus na população, se há um aumento na letalidade, no contágio, ou mesmo alguma alteração na resposta imunológica, caso o microorganismo passe por alguma adaptação. De acordo com o pesquisador da UFPB, João Felipe Bezerra, a variante que predomina na Paraíba é a mesma do início da pandemia, porém com este estudo também foi possível identificar uma nova linhagem proveniente de outra região.
“Esta variante foi identificada no primeiro caso de reinfecção documentado no país, provavelmente vinda de um tipo circulante no Rio de Janeiro. Sabemos que o SarsCoV2 é um vírus extremamente mutável e quanto maior a taxa de transmissão, maior a possibilidade de haver variações”, explica o pesquisador.
Esta identificação é feita através do laboratório da UFPB, que dá suporte ao Lacen-PB para analisar os testes de swab feitos em casos suspeitos da Covid-19. Com a coleta destas informações, é possível prever e dar seguimento a ações assertivas no que diz respeito à assistência da população. De acordo com o secretário executivo de Saúde da Paraíba, Daniel Beltrammi, esta é uma ferramenta importante e mostra que o estado está na vanguarda tecnológica para combater o novo cronavírus.
“De posse dessas informações, nós podemos definir estratégias de acordo com o comportamento do vírus aqui na Paraíba. Saber se a variante possibilita mais casos graves, ou um contágio maior, permite que tracemos um plano de contingência para aquele determinado momento. Sem dúvida é um realce nas ações de planejamento e contenção do vírus no estado e no Brasil, já que possibilita uma visão geral no monitoramento do agravo”, ressalta o secretário.
Segundo a diretora técnica no Lacen, Dalane Loudal, o estado já tem 120 amostras aguardando o sequenciamento, das quais uma média de 30 já são do ano de 2021. “Nem todas as amostras são viáveis para o estudo. Para que seja possível fazer o sequencimaneto genético, é preciso uma carga viral bastante alta no exame do swab, que é analisado pelo Lacen-PB e pelo laboratório da UFPB”, pontua.
O pesquisador João Felipe reforça a importância de parcerias com instituições de pesquisa e destaca que esse tipo de vigilância genômica também pode ser expandida para outros agravos. “Essa vigilância possibilita a identificação de padrões diferenciados, sendo possível realizar ações de controle o mais cedo possível!”, completa.
A Paraíba já teve 76 amostras sequenciadas, ficando atrás, no Nordeste, apenas de Pernambuco com 111 amostras. Porém, o Lacen-PB realizou o envio contínuo durante todo o ano de 2020. Essa constância amplia o mapeamento e permite identificar o comportamento do vírus de forma abrangente, ao longo do ano.
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