Todo o Estado de São Paulo adotará medidas restritivas, regredindo à fase vermelha, entre os dias 25 e 27 de dezembro e 1 e 3 de janeiro, de acordo com anúncio realizado pela secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, na tarde desta terça-feira (22) em coletiva do Centro de Contingência do Coronavírus. Apenas serviços essenciais poderão funcionar.

“Nosso objetivo é conter festas e aglomerações”, afirmou a secretária.

Nestes seis dias, será proibido atendimento presencial em shoppings, lojas, concessionárias, escritórios, bares, restaurantes, academias, salões de beleza e estabelecimentos de eventos culturais. Farmácias, mercados, padarias, postos de combustíveis, lavanderias e serviços de hotelaria estão liberados.

Nos outros dias, todo o estado continua na fase amarela.

A região da cidade de Presidente Prudente passou para a fase vermelha do Plano São Paulo. Foi a única região que regrediu oficialmente de fase, em período não apenas restrito às festas. A taxa de ocupação de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) para covid-19 na região de Prudente está em 83,1%, segundo dados do governo.

Fase verde descartada

Outra medida anunciada é que em janeiro, nenhuma região do estado será classificada na fase verde. O secretário estadual de saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou que a maior parte do tempo o estado ficou na fase verde, “tendo a falsa impressão que o verde significava a liberdade, muitos saíram e esqueceram das restrições. Esqueceram que nós ainda estávamos em quarentena e não seguiram as regras sanitárias”.

A próxima reclassificação do Plano São Paulo, que regula a flexibilização no estado, prevista inicialmente par ao dia 4 de janeiro, foi adiada para o dia 7. O adiamento se deve ao calendário de reuniões marcadas entre o governo do estado e os novos prefeitos, que assume no dia 1º. Segundo o governo estadual, a iniciativa visa garantir que as medidas restritivas sejam cumpridas em parceria com os municípios.

O estado de São Paulo registra nesta terça-feira 1.398.757 casos e cerca de 45 mil mortes desde o início da pandemia. Houve aumento de 54% do número de casos nas ultimas quatro semanas e de 34% dos óbitos.

A medida foi anunciada nove meses após o início da quarentena no estado. “Nove meses se passaram, o Natal está chegando e queria muito estar aqui dizendo que vamos poder celebrar de forma livre com nossas famílias nas ruas, em aglomerações, mas essa não é a realidade”, afirmou Patricia Ellen. “Quando a gente via a uma festa, tira a máscara, lembre por favor das pessoas mais próximas. Seja o único de máscara, mas dê o exemplo”, disse a secretária, com a voz embargada.

Risco de colapso

O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, João Gabbardo, afirma que a medida será tomada para evitar risco de um colapso no atendimento. Segundo ele, há dificuldade de encontrar profissionais de saúde disponíveis, o que invialibilizaria, por exemplo, a montagem de novos hospitais de campanha.

Flexibilização

Entre março e junho, as restrições estaduais só aumentaram, até que houve o início de uma flexibilização. Em 21 de agosto, o Estado comemorou o fato de não ter nenhuma área no vermelho nos 645 municípios paulistas. Mas a partir de setembro houve nova mudança no quadro.

Casos e óbitos

Segundo o R7, a taxa estadual de ocupação de UTIs nesta terça-feira é de 61,9%, com aumento para 67% na Grande São Paulo. São 4.775 internados na rede estadual em leitos de UTI e outros 6.215 em enfermarias. Os dados se referem tanto a casos suspeitos como pacientes confirmados com coronavírus.

O estado de São Paulo contabiliza 1,39 milhão de pessoas contaminadas desde o início da pandemia. Até agora, houve 45.395 mortes. No Brasil, os casos confirmados ultrapassam 7,26 milhões, com cerca de 187 mil mortes.

O que fazer e o que não fazer

O uso da máscara é fundamental, além do distanciamento entre as pessoas. “Evitar as aglomerações é imperioso”, afirmou o secretário de Saúde. “As pessoas se sentem em cenários sem o risco quando elas vão visitar alguem na casa de um amigo e de um parente. Sentam próximos, tiram a máscara pra comer beber e rir e isso cria a condição da transmissão do vírus, independente do número de pessoas”, alerta Gorinchteyn.

Apesar do perído de festas, é importante evitar beijar e abraçar. Atenção aos mínimos sintomas também é recomendada. Quem apresentar sinais da doença deve ficar em casa e se observar. Caso não haja melhora, a orientação é fazer a testagem.

Gabbardo, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, condenou as cenas vistas no aeroporto internacional de Guarulhos na segunda-feira, onde houve aglomeração nos corredores e filas de check-in. Ele criticou a organização do aeroporto e das empresas empresas aéreas. “É inadmissível”, disse Gabbardo. Ele recomendou aos viajantes que avaliem se vale a pena correr o risco de viajar.

Turistas

Como o Estadão mostrou no último sábado, os municípios solicitaram ao governo estadual ajuda logística para impedir aglomerações e desencorajar turistas a fazer o “bate e volta” na virada. “A proposta das prefeituras é criar barreiras sanitárias nos acessos às cidades e o fechamento da orla dia 31”, afirmou Marco Vinholi, secretário de Desenvolvimento Regional do governo paulista.

É prevista a medição de temperatura dos visitantes na entrada da cidade, mas não a exigência de comprovante de imóvel na região ou teste de covid com resultado negativo.

Litoral

Cidades como Guarujá e Santos costumam receber centenas de milhares de turistas nesta época. Os prefeitos do litoral norte pediram ajuda ao governador para reforçar o atendimento no Hospital Geral de Caraguatatuba, que é referência na região. Em Ilhabela, foi montado hospital de campanha para receber pacientes sem covid e liberar leitos hospitalares.

Na segunda-feira (21), a Secretaria da Segurança Pública lançou a Operação Verão + Seguro 2020/2021, que contará com o reforço de 2.938 policiais militares em 16 municípios do litoral sul e norte. “Além de proteger as pessoas pelo aumento da ação de presença policial e das ações de resgate e salvamento, típicas de bombeiros, como faz todos os anos, a Polícia Militar continuará sua ação eminentemente humanitária, orientando as pessoas em relação às medidas de prevenção ao coronavírus”, afirmou oficialmente o coronel Fernando Alencar Medeiros, comandante-geral da Polícia Militar.

Foto: RENATO S. CERQUEIRA.