Quinze dias depois daquele que tinha sido seu último pronunciamento em Brasília, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta quinta-feira (26) que os números da Covid-19 no Brasil mostram um “repique” da doença.
A taxa de transmissão do Brasil é a mais alta desde maio, segundo dados do Imperial College de Londres, no Reino Unido, e especialistas já alertam que vivemos uma segunda onda da pandemia.
No evento desta quinta-feira, o ministro – militar da ativa especialista em logística – não respondeu perguntas de jornalistas e não tratou do problema com os 7 milhões de testes estocados pelo ministério e que estão perto de perder a validade.
“Estamos falando de repique de contaminações e mortos em algumas regiões. Sim, é só acompanhar os dados no nosso site. No Sul e no Sudeste do país o repique é mais claro. E no Norte e Nordeste é bem menos impactante, com algumas cidades fora da curva. No Centro-Oeste ele é bem mais no meio do caminho. Sim. Isso é um repique da nossa pandemia.”
Pazuello afirmou que o país viverá quatro ondas na pandemia, mas o conceito usado por ele é diferente do aplicado por epidemiologistas e infectologistas.
“Nós teremos quatro ondas, cuidado para não sermos enganados”, disse.
Segundo o ministro, a classificação por ele adotada é a seguinte: a primeira onda trata do avanço da doença.
“A primeira (onda) é exatamente a contaminação, as mortes, tudo que aconteceu e vem acontecendo com o repique. Isso é uma onda que pode ter um, dois repiques. Mas é uma onda” – Eduardo Pazuello, ministro da Saúde
Na segunda onda, segundo Pazuello, estão as doenças que ficaram impactadas por causa da pandemia.
“A segunda onda – que é tão grave quanto a primeira – são as doenças que ficaram impactadas. Temos muitas pessoas que não se trataram corretamente.” – Eduardo Pazuello
Na terceira onda, de acordo com a classificação adotada pelo ministro, estão os casos de violência doméstica. “A terceira onda é muito interna, porque é dentro da família. Tem a ver com o aumento da violência doméstica, feminicídios, estupros. Isso acontece dentro de casa, com o isolamento e crise econômica”, disse Pazuello.
Ainda segundo o ministro, a quarta onda é o aumento de casos de automutilação e suicídios.
“Não confundam ondas com novos surtos”, disse Pazuello. O ministro citou que o que vive atualmente a Europa é um novo surto associado a uma mutação do coronavírus.
“Lá é um novo surto que pode virar endemia e depois pandemia e pode se confundir com as ondas da primeira. Então, o troço é grave. Ele vai numa linha e precisamos estar atentos”, completou Pazuello.
Apesar de ter sido identificada uma mutação, especialistas não associam a mudança no vírus ao que consideram ser uma segunda onda na Europa.
Plano de vacinação
Segundo o G1, o ministro também abordou brevemente o plano nacional de imunização, que é alvo de cobranças do Tribunal de Contas da União (TCU).
“Quando tivermos dados logísticos das vacinas, a gente fecha o plano”, disse o ministro. “Precisamos aproximar um pouco mais da chegada para fechar o plano logístico”, completou Pazuello, lembrando que outros aspectos já estão definidos, como público-alvo e outros detalhes.
Sobre recursos, Pazuello disse que o Ministério da Saúde tem R$ 6 bilhões em verba para enfrentamento da Covid. Ele citou que o recurso será usado para leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para bancar cirurgias e tratamentos que ficaram travados durante a pandemia e para a conclusão e execução do plano de vacinação.
“Os recursos que temos vou empregar no reforço de UTIs, no reforço do atendimento das cirurgias e tratamentos que ficaram impactados”, disse Pazuello.
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