AParaíba registrou uma queda nas notificações dos casos de sífilis em 2020. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) observa que o decréscimo do diagnóstico tem como um dos principais fatores a pandemia do novo coronavírus, por isso, no mês dedicado ao combate da sífilis, alerta a população sobre os cuidados e prevenção da infecção.

De acordo com a chefe do núcleo das IST/Aids da SES, Joanna Ramalho, este é um ano atípico em que alguns serviços de saúde precisaram ficar fechados por um tempo e a porta de entrada para o diagnóstico da sífilis é a Atenção Básica. Ela explica que para se ter cenário mais real da infecção no território é necessário ir atrás da população, fazer uma busca ativa, ações de rua e testagem em massa. Porém, devido ao risco de contaminação da Covid-19, não foi possível realizar essas atividades.

“Esse número de notificações pode não representar a realidade. Este foi um ano atípico, com a pandemia, o acesso ao diagnóstico precoce na Atenção Básica ficou restrito, por isso vemos essa redução no número de casos. O papel da epidemiologia é apresentar dados para que o processo de decisão seja tomado em cima daquelas informações. Então, quando as informações não são reais, sugere que muitas pessoas estão acometidas com a infecção, mas não sabem que estão doentes. Por vezes a sífilis é assintomática, e isso faz com que o risco dessas pessoas estarem transmitindo esteja alto”, pontua.

A chefe do núcleo de IST/Aids afirma que a rede de atenção à pessoa com sífilis na Paraíba é organizada. O Estado adquire insumos de prevenção e abastece todos os 223 municípios, além de ter uma rede de diagnóstico na Atenção Básica (AB) em que todas as Unidades Básicas de Saúde ofertam o teste rápido para a infecção, que é um exame de triagem, e os exames complementares de VDRL, que é o laboratorial. Joanna reforça ainda que o tratamento para a sífilis também é ofertado na AB dos municípios. “Vale salientar que, por meio de recomendação do Ministério Público, os profissionais de saúde podem prescrever a penicilina benzatina, que é a medicação apropriada para prevenir a sífilis congênita”, destaca.

Sobre a prevenção, ela alerta que o meio mais eficaz é o uso do preservativo nas relações sexuais. Saber o diagnóstico precoce de sífilis para aderir ao tratamento adequado cedo e avisar ao parceiro ou parceiros sexuais também são uma forma de prevenção para descontinuar a cadeia de transmissão do vírus. Joanna Ramalho lembra também que a prevenção da transmissão vertical, ou seja, da gestante para o feto, é feita por meio de um pré-natal de qualidade para ter um tratamento oportuno e assim evitar que a criança nasça com a sífilis congênita.

Para o Dia Nacional de Combate à Sífilis, neste 17 de outubro, a SES orientou os municípios a fazerem ações locais com oferta de teste rápido de forma estratégica, sem aglomerações, utilizando os agentes comunitários de saúde como parceiros. “Orientamos fazer essa testagem em horários agendados nas unidades de saúde. A secretaria também entregou material educativo para todos os municípios e abasteceu com preservativo para que possam fazer suas campanhas locais; além de uma webinar nesta quinta-feira (15) para os coordenadores da Atenção Básica e Vigilância, que vai abordar como está a infecção nas populações mais vulneráveis, que são as mais acometidas”, completa.

Dados – Em 2019, a Paraíba notificou 1.973 casos de sífilis adquirida, 374 de sífilis congênita e 913 gestantes com a infecção. Até 05 de outubro deste ano, os registros apresentam uma queda com 531 gestantes infectadas, 731 casos notificados para sífilis adquirida e 254 para a congênita.

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