O número de deputados federais e senadores que vão concorrer ao cargo de prefeito ou vice nas eleições municipais de novembro é o menor das últimas três décadas, reforçando uma trajetória descendente já observada na maioria dos últimos pleitos.

De acordo com dados da Câmara dos Deputados e do Senado, 69 deputados federais e 2 senadores, de um total de 594 congressistas, vão tentar trocar Brasília pelas administrações locais de seus redutos eleitorais.

Segundo a Folha de S.Paulo, isso representa uma queda de 14,5% em relação às eleições de 2016, quando 83 parlamentares concorreram a um cargo de prefeito ou vice. É também o menor número desde 1992, segundo o histórico de candidaturas de congressistas feito pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar).

Entre outros motivos, os dados podem ser mais um sinal observado nos últimos anos do desgaste do status quo político. Em 2016, por exemplo, nenhum congressista que disputou uma prefeitura conseguiu triunfar no primeiro turno. Em 1996, auge da motivação de congressistas pelas disputas municipais, 121 deputados e senadores concorreram.

Neste ano, o partido com mais candidatos a prefeitos e vice-prefeitos é o PT, com 9 nomes na Câmara e 1 no Senado. A legenda, que detém a maior bancada da Câmara, com 53 deputados, disputa prefeituras como a do Rio de Janeiro, com Benedita da Silva, e a de Recife, com Marília Arraes —que enfrenta o primo, o também deputado João Campos (PSB).

Com um nome a menos que o PT, o PSL, ex-legenda do presidente Jair Bolsonaro, tem 8 deputados concorrendo nas eleições de 2020.

A disputa municipal evidencia a polarização dentro do partido após o racha de outubro do ano passado. Na ocasião, metade da bancada se alinhou ao presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), e os demais manifestaram lealdade a Bolsonaro —que, ao deixar o PSL, tentou fundar uma legenda, a Aliança pelo Brasil, até hoje sem sucesso.

Uma das principais vozes de oposição ao presidente atualmente, a deputada Joice Hasselmann, ex-líder do governo no Congresso, concorre à Prefeitura de São Paulo. Na cidade, Bolsonaro sinaliza apoio ao primeiro colocado em intenção de voto, o também deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP).

Também em São Paulo, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) aparece empatado com Joice Hasselmann nas pesquisas –ambos têm 1%.

Ainda no PSL, o deputado Luiz Lima (RJ), aliado do presidente, disputa a Prefeitura do Rio de Janeiro. Apesar do alinhamento, Bolsonaro indicou que deve dar seu aval ao atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), que tenta a reeleição.

São Paulo, Fortaleza e Belém são as cidades em que mais congressistas se lançaram.

No Senado, apenas dois nomes concorrem a cargos nas eleições municipais. O petista Jean Paul Prates quer se eleger prefeito de Natal (RN), enquanto o senador Vanderlan Cardoso (PSD) busca a Prefeitura de Goiânia.

Os parlamentares que querem disputar prefeituras não precisam se licenciar do mandato. Continuam recebendo salário de R$ 33,7 mil, cota de atividade parlamentar, verba para contratação de até 25 asessores e auxílio-moradia —os que tiverem optado pelo benefício—, entre outros benefícios.

A eleição de 2020 também será a primeira em que as campanhas para prefeitos e vereadores serão bancadas, majoritariamente, com recursos do fundo eleitoral, criado em 2017 e que será de R$ 2,035 bilhões.

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