A cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, disse nesta sexta-feira (4) que “vacinas são intervenções que salvam vidas” e que é preciso oferecer “mais educação” e “mais informação” sobre o tema para a população.
Soumya fez o alerta após ser questionada sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro, que nesta semana declarou não poder “obrigar ninguém a tomar vacina” (veja no vídeo abaixo).
“Nós esquecemos o que é varíola, esquecemos o que é morrer de sarampo. (…) É graças às vacinas que não vemos mais essas doenças”, afirmou a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanon, afirmou que as vacinas foram as únicas ferramentas totalmente eficazes para conter doenças mortais.
“As pessoas podem se informar a respeito de como o mundo utilizou as vacinas para diminuir a mortalidade em crianças menores de cinco anos, de como conseguiu a erradicação da varíola. Observem como as vacinas mudaram o mundo”, disse Tedros.
Tedros lembrou ainda como a vacina conseguiu conter a epidemia de Ebola na África recentemente.
Em relação à vacina contra o coronavírus, o diretor-geral afirmou que há um bom número de vacinas promissoras. “Mas elas apenas serão utilizadas quando forem seguras e eficazes, é isso que eu gostaria de assegurar ao mundo”, disse.
Iniciativa Covax
Atualmente, a OMS lidera uma iniciativa em conjunto com dezenas de países chamada de Covax. Além de ser um esforço coletivo para acelerar o desenvolvimento, produção e distribuição de futuras vacinas contra o coronavírus, 78 países do grupo se apresentaram como financiadores de um “portfólio” de vacinas com as melhores chances de sucesso.
Além das vacinas que estão em fase de testes clínicos e que já fazem parte do portfólio da inciativa Covax, o líder da entidade informou que a OMS estuda incluir novas candidatas que apresentaram bons resultados.
“Estamos discutindo sobre 4 outras vacinas promissoras. Outras 9 candidatas que estão em estágios iniciais de desenvolvimento estão sendo avaliadas para inclusão no Covax”, disse o diretor-geral da OMS.
Argentina, Brasil e México estão entre os países latino-americanos que se manifestaram a favor da aliança Covax.
Vacinação em massa somente em 2021
Ainda nesta sexta, uma porta-voz da entidade afirmou não esperar uma vacinação ampla contra a Covid-19 até meados de 2021. Ela enfatizou a importância de checagens rigorosas sobre a eficácia e a segurança das vacinas.
Nenhuma das candidatas a vacina que estão em testes clínicos avançados demonstrou, até agora, “sinal claro” de eficácia em um nível mínimo de 50% buscado pela OMS, disse a porta-voz Margaret Harris, segundo a Reuters.
“Realmente não estamos esperando ver uma vacinação ampla até meados do ano que vem”, disse Harris durante um briefing da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra.
A Rússia deu aprovação regulatória para uma vacina contra a Covid-19, a chamada de “Sputnik V”, em agosto após menos de dois meses de testes em humanos, levando especialistas a questionaram a sua eficácia e segurança. Na época, a falta de estudos publicados sobre os testes russos gerou desconfiança na comunidade internacional.
Segundo o G1, nesta sexta, resultados dos testes de fase 1 e 2 da vacina foram publicados na revista científica “The Lancet”, que é uma das mais importantes do mundo. A vacina não teve efeitos adversos e induziu resposta imune.
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