A deputada Flordelis (PSD-RJ), apontada como mandante do assassinato do marido, pastor Anderson Carmo, enviou um pedido de socorro na madrugada de hoje em um grupo de Whatsapp da bancada feminina da Câmara do Deputados. Na mensagem ela diz que “jura” que vai conseguir provar a inocência e pede “pelo amor de Deus” para não ter o mandato cassado. Segundo uma deputada do grupo das parlamentares, nenhuma integrante se manifestou. “Deram a ela o silêncio como resposta”, disse a fonte ao Congresso em Foco.

Flordelis diz que os colegas “não se arrependerão” de a ajudarem. Ela também afirma que “não sabia” que o marido estava fazendo coisas que “serão reveladas nos próximos dias”. A deputada  conta que apesar de ganhar, em média, R$ 30 mil por mês, depende de cestas básicas para comer com os filhos, porque paga financiamento da casa, luz, água, gás e remédios.

Segundo o Congresso em Foco, a deputada foi denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, acusada de homicídio triplamente qualificado, homicídio tentado, associação criminosa, uso de documento ideologicamente falso e falsidade ideológica. O MP pediu a prisão de Flordelis, mas o pedido não foi aceito porque ela possui imunidade parlamentar.

No início da semana, o PSD afirmou que abriu processo de expulsão da deputada e suspendeu sua filiação. Eventual cassação do mandato pelo Conselho de Ética depende de decisão da maioria do colegiado, que será posteriormente submetida ao Plenário da Casa. No entanto, as comissões ainda não foram instaladas em 2020 em função da pandemia, o que inviabiliza uma decisão neste momento.

O caso da deputada reacendeu a discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 333/2017, conhecida como PEC do foro privilegiado, de autoria do senador Álvaro Dias(Podemos-PR). O texto foi aprovado no Senado ainda em 2017, mas está engavetado na Câmara dos Deputados.

Senadores do movimento Muda Senado assinaram esta semana um documento pedindo urgência na votação da Câmara. “O que está em jogo é a credibilidade do Parlamento, não podemos permitir que a descrença nas instituições ponha em risco o legado conquistado a duras penas no pós-Anos de Chumbo”, diz o documento.  Na Câmara, líderes também pressionam o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a instalação de uma comissão de ética que avalie o caso.

Foto: Celia Viana.