Em visita à cidade de Ipatinga (MG), Jair Bolsonaro recusou-se novamente a comentar os repasses de R$ 89 mil feitos à sua mulher, Michelle Bolsonaro, por Fabrício Queiroz, investigado sob suspeita de integrar esquema de distribuição ilegal de recursos públicos no gabinete do então deputado estadual fluminense Flávio Bolsonaro.
“Com todo o respeito, não tem uma pergunta decente para fazer? Pelo amor de Deus”, disse o presidente ao ser questionado por repórter do jornal “Folha de S.Paulo”.
No domingo, Bolsonaro ameaçou “encher de porrada” um repórter do jornal “O Globo”, que o perguntou sobre os depósitos.
Segundo O Globo, na segunda-feira, em conversa reservada, o presidente reconheceu que exagerou na declaração, mas ele ainda não definiu se pedirá desculpas públicas. Ele tratou do assunto com ministros como Fábio Faria (Comunicações) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
A quebra do sigilo bancário do policial militar aposentado Fabrício Queiroz, no início de agosto, revelou novos repasses do amigo do presidente à sua esposa, Michelle. De acordo com a revista “Crusoé”, os extratos colocam em dúvida a justificativa sobre empréstimos dada até aqui por Bolsonaro.
Entre as transações de Queiroz, até o momento se sabia de repasses que somavam R$ 24 mil para a mulher do presidente. Mas, segundo a “Crusoé”, os cheques de Queiroz que caíram na conta de Michelle somam R$ 72 mil, e não os R$ 24 mil até então revelados nem os R$ 40 mil ditos por Bolsonaro.
O jornal “Folha de S.Paulo” confirmou as informações obtidas pela revista. A reportagem também apurou que a mulher de Queiroz, Márcia Aguiar, repassou para Michelle R$ 17 mil de janeiro a junho de 2011. Foram cinco cheques de R$ 3.000 e um de R$ 2.000.
Assim, no total, Queiroz e Márcia depositaram R$ 89 mil para primeira-dama de 2011 a 2016, em um total de 27 movimentações.
Foto: Marcos Corrêa.