A Frente Parlamentar pelo Desenvolvimento do Semiárido da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) debateu, nesta quinta-feira (13), ações a serem desenvolvidas para o período pós-pandemia no semiárido paraibano. A reunião remota, proposta pela deputada Pollyanna Dutra, contou com a participação de economistas, pensadores e profissionais que apresentaram alternativas para amenizar os danos causados pela pandemia do novo coronavírus (covid-19).
A deputada Pollyanna Dutra lembrou a importância da integração da política com a economia para que as decisões tomadas no cenário político sejam cada vez mais embasadas na ciência. Para a parlamentar, o agente político precisa ser também um agente econômico e apresentar soluções que amenizem de forma emergencial a pior crise sanitária da nossa história. “Temos uma das piores crises já vividas, causada não pela economia, mas pela área da saúde. Um vírus invisível que parou o mundo. Fábricas fechadas, desemprego e aqui já percebemos os impactos socioeconômicos, como a redução da produção, a explosão do déficit público e aumento da atividade informal”, analisou a deputada.
Pollyanna avaliou que as soluções para os problemas gerados pela pandemia dependem de ações políticas eficientes, a exemplo de investimentos em áreas estratégicas e que gerem mais emprego, subsídios e créditos. A deputada defendeu ações conjuntas entre o Estado, municípios e a União para dar respostas rápidas à população. “É preciso mirar no planejamento sistemático e inclusivo, principalmente no semiárido. Energias renováveis como a eólica e a solar, que estão no semiárido. Precisamos exigir alternativas sustentáveis e readequar modelos de negócios”, argumentou a deputada.
Para a diretora do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Mônica Tejo, é preciso repensar a maneira de empreender para conseguir sucesso na pós-pandemia, firmando e incentivando parcerias com o setor público e o setor privado. “A tecnologia está sendo a protagonista de tudo. As pessoas que não estavam preparadas para esse ‘novo normal’, que fomos forçados a nos adequar, estão sofrendo. Para focarmos no desenvolvimento, precisamos pensar no que está mudando. A tecnologia é uma das coisas que a gente precisa pensar em desenvolver cada vez mais”, destacou Mônica, que é doutora em Engenharia de Processos.
Segundo ela, o acesso à tecnologia é fácil e comum para os grandes empreendedores, porém os pequenos, como o empreendedor rural, têm mais dificuldades e existe a necessidade de provocar o setor público e privado, para que se tenha tecnologia de baixo-custo com o intuito de ajudar a esses empreendedores que estão devastados com a situação atual causado pela crise sanitária.
O representante do Corecon-PB na Frente Parlamentar do Semiárido, Carlos Gláucio, afirmou que o momento atual é de desafios e que é preciso apresentar propostas para superá-los. O semiárido paraibano, segundo Gláucio, compreende a maior parte do território da Paraíba, com 194 municípios nessa região. “A Paraíba é o estado mais desertificado do Brasil e isso é um desafio para quem pensa em desenvolvimento”, alertou o economista.
Carlos Gláucio sugeriu investimentos em atividades resistentes ao clima semiárido, a exemplo do desenvolvimento da caprinocultura e da produção do queijo, do leite e do mel. “Precisamos urgentemente de um plano de desenvolvimento do reflorestamento do semiárido. Precisamos implantar centros de irradiação com conhecimento em tecnologias e informação para os pequenos produtores. E precisamos também introduzir a educação ambiental da rede pública. Seria uma revolução que passa pelo reflorestamento, tecnologia e informação para o povo do semiárido”, sugeriu Gláucio.
O representante da Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária-(Empaer), Wandrick Hauss, ressaltou a importância de mais políticas públicas para o setor agropecuário na Paraíba e acrescentou a necessidade de, durante o período de pandemia, criar linhas de créditos e comercialização dos produtos agrícolas através das mídias sociais.
“Falar da atividade do semiárido sem falar de atividade agropecuária seria injusto, pois sabemos que a atividade econômica desenvolvida nesse setor é importante demais do ponto de vista econômico para o estado, com índices significativos, que podem desenvolver a região, apesar das limitações. Algumas soluções que podemos implementar nesse período difícil é aumentar a renda dos produtores, fortalecer a atividade, a indústria de queijo, entre outras. Além de criar linha de créditos e a comercialização dos instrumentos através das mídias sociais”, disse.
A deputada Pollyanna Dutra declarou que as propostas e iniciativas apresentadas pelos participantes irão integrar uma documentação protocolada pela Casa de Epitácio Pessoa e será direcionada ao Governo do Estado e aos órgãos responsáveis.
A reunião contou ainda com a participação do presidente do Conselho Regional de Economia da Paraíba (Corecon-PB), Celso Mangueira; do presidente do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, Rômulo Polari; do gerente Regional Territorial do Banco do Nordeste (BNB), Izidro Soares; do coordenador-geral do Acordo de Cooperação PLADES entre a UFPB e o Governo da Paraíba e membro do Círculo de Desenvolvimento Regional, Paulo Fernando Cavalcanti; do presidente da Associação Comercial da Paraíba e sócio-fundador da Certa Consultoria Empresarial, Rafael Bernardino; do Conselheiro Federal do Conselho Federal de Economia, João Bosco; do professor da UFPB e especialista em Ciências Ambientais, João Filadelfo; e do vice-presidente do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, Lourinaldo da Nóbrega.
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