O ex-jogador Marcelinho Carioca se reuniu nesta quarta-feira, 29, com o presidente da República, Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto em Brasília. No encontro, ambos usavam a nova camisa do Corinthians, clube do qual o ex-jogador é ídolo e rival do Palmeiras, o time do coração de Bolsonaro. Rapidamente, o assunto virou um dos mais comentados das redes sociais, com inúmeros protestos, inclusive de outro histórico jogador alvinegro, o comentarista Walter Casagrande. Marcelinho acabou perdendo um patrocínio diante da repercussão negativa.

“Nação corintiana, aqui o nosso presidente, Jair Messias Bolsonaro, com a camisa do Coringão. Isso é democracia, isso é defender a MP do Futebol, isso é valorizar o futebol feminino”, afirmou Marcelinho, no vídeo que rapidamente viralizou nas redes sociais. “É palmeirense, mas ele quer que todos os clubes tenham a liberdade para fazer os seus jogos, poder trazer os craques de futebol de volta ao nosso país e abrilhantar o futebol”, completou Marcelinho, que já foi candidato a deputado estadual pelo PT e fez elogios públicos ao ex-presidente Lula no passado.

Horas depois, Casagrande, que ao lado de Sócrates foi um dos líderes da Democracia Corintiana na década de 80, condenou a postura de Marcelinho, sem citar nomes. O hoje comentarista da Rede Globo é um crítico recorrente do governo Bolsonaro.

“Eu cheguei em 1975 nesse clube aqui, no Corinthians, comecei minha vida lá, corintiano de garoto, cheguei para jogar no dente de leite, nas categorias de base do Corinthians. Em 1979, a torcida do Corinthians abriu uma faixa no Pacaembu dizendo ‘anistia para os presos políticos e exilados políticos’. Em 1982, 1983, até 1985 essa camisa aqui era da democracia corintiana, essa camisa representa liberdade, representa democracia, e nenhum ex-jogador tem o direito de representar o clube politicamente. Eu também não tenho. Isso aqui é democracia. Isso aqui sempre foi democracia”, afirmou Casagrande, em vídeo postado nas redes sociais.

O encontro também gerou constrangimento na diretoria do Corinthians e no banco BMG, seu patrocinador. O clube se apressou em dizer que não tinha qualquer relação com o encontro. “O Sport Club Corinthians Paulista torna público que não teve qualquer participação na iniciativa do ex-jogador Marcelinho Carioca, em Brasília. A entrega da camiseta nesta quarta, na Presidência da República, foi uma ação única e exclusiva do ex-atleta.”

O presidente do clube, Andrés Sanchez, ex-deputado federal pelo PT, afirmou que “Marcelinho não é contratado nem funcionário do Corinthians. Como cidadão, faz o que bem entende”. O ex-jogador, no entanto, era embaixador de uma parceria entre o Corinthians e o banco BMG, patrocinador master do clube. No Twitter, a hashtag #VergonhaBMG entrou entre os assuntos mais comentados do Twitter.

Procurado por VEJA, o patrocinador também se eximiu de responsabilidade. “O Banco BMG esclarece que é apenas patrocinador e parceiro do Sport Club Corinthians Paulista, não tendo nenhuma responsabilidade por ação isolada de terceiros envolvendo a marca da instituição”, informou em nota. Disse ainda que Marcelinho Carioca era embaixador remunerado da campanha Feito de Responsa, não porta-voz do banco, e que o vínculo foi encerrado após o episódio desta quarta. O ex-jogador não retornou as solicitações da reportagem até o momento.

Atualização às 22h06: Incomodado com a repercussão negativa da decisão de desligar Marcelinho, o BMG enviou à redação um novo comunicado. “O Banco BMG esclarece que atua com vários ex-atletas e ídolos da torcida Corintiana, como influenciadores em ações promocionais no ambiente digital, tais como Craque Neto, Ronaldo Giovanelli e Marcelinho Carioca, em nenhum dos casos existe vínculo empregatício entre os ex-atletas e a instituição.”

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