A Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu em definitivo os testes com a hidroxicloroquina no ensaio clínico global Solidariedade.
A entidade anunciou a decisão nesta quarta-feira (17), após a revisão da base de dados coletados em pacientes voluntários ao redor do mundo que receberam o medicamento ao serem tratados em hospitais que fazem parte da rede de pesquisa da OMS.
Em entrevista coletiva, Ana María Henao, diretora do Plano de Ação para Pesquisa e Desenvolvimento da OMS, destacou que a revisão de dados das principais pesquisas promovidas e também publicadas sobre o uso do medicamente comprovou que o uso da hidroxicloroquina “não reduz a mortalidade dos pacientes com covid-19”.
A OMS já tinha anunciado a suspensão de testes com a hidroxicloroquina no final de maio, dias depois da divulgação de uma pesquisa que indicava que o remédio, usado no tratamento da malária e doenças autoimunes, aumentava o risco cardíaco nos pacientes.
No dia 3 de junho, depois de revisar os dados, a organização retomou os testes solidários com o medicamento.
Uso suspenso nos EUA
A hidroxicloroquina é um medicamento utilizado há décadas em doentes de malária. Durante os dias em que a OMS paralisou os testes, o procedimento continuou sendo utilizado no Brasil e nos Estados Unidos, os dois países com o maior número de casos de covid-19.
Segundo o R7, na segunda-feira passada, a agência americana Food and Drug Administration (FDA) retirou a autorização do uso emergencial da hidroxicloroquina em pacientes graves com Covid-19, ao também concluir que o procedimento não estava sendo efetivo.
O fim dos testes coincide com a descoberta, também por parte da Universidade de Oxford, de que o uso da dexametasona pode reduzir consideravelmente a mortalidade de pacientes graves de covid-19, o que a OMS considerou um grande passo no combate à pandemia.
Anna Maria Henao destacou que a suspensão dos testes não significa que os estudos sobre o uso profilático da hidroxicloroquina, ou seja, como remédio para prevenir quadros graves da doença. Este uso não foi comprovado ainda em estudos científicos.
Foto: Chris Wattie.