O diretor-geral da Agência Brasilira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, afirmou, em depoimento, que foi consultado, pelo presidente Jair Bolsonaro, sobre as qualificações técnicas do novo diretor-geral da Polícia Federal. Ele declarou ainda que tem o “apreço” da família Bolsonaro, mas negou qualquer intimidade.

O delegado foi ouvido pela PF, em Brasília, durante a tarde e a noite de segunda-feira (12). Ramagem foi citado pelo ex-ministro Sergio Moro, que acusa Jair Bolsonaro de tentar interferir na PF por interesses políticos. “Que o depoente (Ramagem) tem ciência de que goza da consideração, respeito e apreço da família do presidente Bolsonaro pelos trabalhos realizados e pela confiança do presidente da República no trabalho do depoente, mas não possui intimidade pessoal com seus entes familiares”, diz um trecho do documento.

Segundo o Correio Braziliense, uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), barrou Ramagem para ocupar o cargo de diretor-geral da PF. Questionado sobre o assunto, ele afirmou que não foi alçado ao cargo, no entendimento dele, por não ser próximo de Moro. “No entender do depoente, o motivo da sua desqualificação, portanto, foi o fato deste não integrar o núcleo restrito de delegados de Polícia Federal próximos ao então ministro Sergio Moro, uma vez que, diante dos fatos ora relatados, não haveria um impedimento objetivo que pudesse conduzir à rejeição de seu nome”, acrescentou em depoimento.

Em um trecho da oitiva, Ramagem afirmou que foi consultado pelo chefe do Executivo e pelo atual ministro da Justiça, André Mendonça, sobre as qualificações de Rolando Alexandre, atual comandante da PF. “Que indagado se foi consultado a respeito das qualificações profissionais do DPF Rolando Alexandre enquanto possível indicado para o cargo de diretor-geral, respondeu que sim, tendo sido questionado a respeito, tanto pelo presidente da República como pelo ministro da Justiça, André Mendonça”, completou ele no depoimento.

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