O agora ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta pediu nesta 5ª feira (16.abr.2020) uma defesa intransigente da vida, do SUS (Sistema Único de Saúde) e da ciência. Mandetta foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro mais cedo. Seu substituto será o também médico Nelson Teich.
“A ciência é a luz, é o Iluminismo, é através dela que nós vamos sair. Apostem todas as suas energias na ciência. Não tenham uma visão única, não pensem dentro da caixinha”, afirmou Mandetta.Em seu pronunciamento diário, ele exaltou a ciência como 1 guia seguro para a verdade e orientou seus agora ex-funcionários a apostarem todas as suas energias nesse aspecto.
“Esse problema [demissão] é insignificante, nada tem significado que não seja uma defesa intransigente da vida, do SUS e da ciência. Fiquem nos 3 pilares que desses pilares vocês conquistarão tudo”, disse o ex-ministro se dirigindo aos servidores da pasta.
Segundo o msn, Mandetta se emocionou em alguns momentos do pronunciamento, que não foi aberto para questionamentos dos jornalistas. Ele agradeceu a todos os servidores do ministério diversas vezes. A orientação foi para que não temam o novo momento e que ajudem a nova gestão.
“Não tenham medo. Não façam 1 milímetro diferente do que vocês sabem fazer. Eu deixo esse ministério da saúde com muita gratidão ao presidente ter me nominado e ter permitido que eu nominasse cada 1 de vocês”, declarou. Pediu ainda que os servidores ajudem o novo ministro. “Trabalhem para o próximo ministro como trabalhavam para mim. Ajudem, não meçam esforços…desdobrem para que eles tenham o melhor espaço possível para trabalhar.”
Sobre a conversa com Bolsonaro, que culminou em sua demissão, Mandetta disse que foi agradável e amistosa e que entende o peso da decisão do presidente de fazer a troca e de buscar uma solução para a questão econômica. Ele, entretanto, voltou a alertar para 1 colapso dos hospitais e orientou a população a seguir prefeitos e governadores.
“Não pensem que estamos livres para 1 pico de ascensão dessa doença. O sistema de saúde ainda não está preparado para uma marcha acelerada. Sigam as orientações das pessoas mais próximas, que estão em contato com o sistema de saúde, que são os prefeitos, governadores e o próprio Ministério da Saúde”, completou.
DIVERGÊNCIAS COM BOLSONARO
O agora ex-ministro e o presidente da República tiveram uma série de desentendimentos nas últimas semanas. Enquanto Mandetta defendia políticas de isolamento social, Bolsonaro pregava a adoção do isolamento vertical, em que só pessoas que integram grupos de risco (idosos e pacientes com comorbidades) ficam confinadas.
Havia, ainda, uma divergência em relação ao uso da hidroxicloroquina para tratar pessoas infectadas pelo novo coronavírus. O Ministério da Saúde defende o uso apenas para pacientes em situação grave ou crítica, mas Bolsonaro afirma que o tratamento já no início dos sintomas já apresenta resultados sólidos.
Foto: Sérgio Lima.