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Região metropolitana de João Pessoa possui 251 comunidades de terreiros, aponta pesquisa

Os municípios da região metropolitana de João Pessoa têm 251 espaços religiosos funcionando em 107 bairros, aponta pesquisa do cadastro socioeconômico e cultural de povos e comunidades tradicionais de matriz africana e comunidades de terreiros apresentada nesta terça-feira (21), durante o II Seminário de Políticas Públicas de comunidades tradicionais de Matriz Africana e de Terreiros, na sede da OAB-PB, em João Pessoa. O evento marcou o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

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O projeto do cadastro foi realizado pela Casa de Cultura Ilê Asé D’Osoguiã em parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana (Semdh), que fez o monitoramento do processo, por meio de um edital do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Planejamento, Pesquisa, Comunicação, Estudos Sociais e Tecnológicos (IPPECET) durante os meses de julho a novembro de 2019. Das casas de terreiros pesquisadas, 143 foram fundadas de 2000 a 2019. No total, 46,6% da população se declara preta e 29,9% parda.

Segundo o coordenador do IPPECE, Danilo Santos, os pesquisadores foram a campo com tablets e utilizaram um aplicativo para coletar as informações nas cidades de João Pessoa, Conde, Alhandra, Santa Rita, Bayeux e Cabedelo. Os terreiros que não foram incluídos podem fazer o cadastro voluntário pelo link no cadterreiros.cciao.org.

A diretora da Casa de Cultura Ilê Asé D’Osoguiã, Mãe Tuca, disse que a iniciativa tem o objetivo de mapear os espaços e utilizar os dados para intervir com políticas públicas para atender a população. “Defendemos o respeito à diversidade e esperamos que os resultados desta pesquisa contribuam para a promoção de uma identidade de pertencimento do povo afrodescendente, com a apropriação legítima de elementos fundamentais de matriz africana, valorização e reafirmação da presença dos negros e negras afrodescendentes no cenário nacional. Não quero mais racismo. Quero respeito para o meu povo”, disse Mãe Tuca.
O Ogan Marcelo Monteiro, do Rio de Janeiro, destacou a importância do mapeamento não só para a Paraíba, mas para todo o Brasil porque “só é possível assim identificamos nossos parentes”. “O que destrói um povo é a falta de sua tradição cultural. Somos povos tradicionais e precisamos nos reconhecer como tal. Não precisamos apenas saber onde estamos. Precisamos saber quem somos e nos encontrar”, afirmou.

A secretária da Mulher e da Diversidade Humana, Lídia Moura, participou do evento, que contou com outros representantesde terreiros do Estado. Ela afirmou que o governo assumiu o compromisso de implantar o Centro de Referência de Enfrentamento ao Racismo e à Intolerância Religiosa.

“Temos mais de 295 denúncias de intolerância religiosa registradas e consideramos que precisamos atuar no enfrentamento, já que a maioria é contra as comunidades de terreiros. A data é um marco pela luta ao respeito da diversidade religiosa e a divulgação desses dados é um importante passo para servir de base para propormos políticas públicas, incluindo a implantação de um centro de referência”, afirma a secretária Lídia Moura.

Durante a tarde, o Fórum de Diversidade Religiosa da Paraíba também promoveu o evento Direitos Humanos e Espiritualidade em parceria com a Defensoria Pública do Estado, também na sede da OAB-PB. O encontro teve como tema Pactos de Construção para uma Cultura de Paz. A equipe da Semdh também esteve presente no encontro.

Onde fazer denúncias

Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Homofóbicos, Étnicos Raciais e Delitos de Intolerância Religiosa (DECHRADI)
Endereço: Rua Francisca Moura, 34, Centro, João Pessoa
Ligue: 3218- 6762

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