O vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Jacques, mediador do painel, ressaltou que a Justiça Eleitoral é uma das poucas instâncias dispostas a ouvir e a aprender. Ele lembrou que, desde a Grécia Antiga, o princípio democrático impulsiona a evolução da civilização e que o caminhar da história trouxe desafios novos, como o de conjugar a democracia com a liberdade de expressão nesse novo espaço que são as mídias sociais.
Imprensa no centro da equação
A coordenadora do Projeto Credibilidade e ex-presidente do Projeto Projor, Angela Pimenta, falou sobre o importante papel das agências de fact-checking e do jornalismo no combate à desinformação durante as eleições. Segundo ela, houve uma queda no número de pessoas que dizem acreditar na imprensa e um aumento na quantidade dos que não confiam. A descrença, de acordo com Angela, ocorre “em virtude da fragmentação dos conteúdos nas redes sociais e da ‘desintermediação’ da notícia, quando fontes oficiais preferem diretamente as suas redes sociais e evitam o discurso do contraditório que o protocolo jornalístico manda para o exercício da profissão”. Ela lembra que, por meio do projeto Credibilidade, foram criados indicadores de qualidades, que têm o objetivo de diferenciar o jornalismo de qualidade de todo o resto.
Qualidade da informação
Fernando Gallo, gerente de Políticas Públicas do Twitter, afirmou que a plataforma preza pela qualidade da informação e pelos efeitos que ela tem no debate público. Por ser uma ferramenta pública e de tempo real, o especialista acredita que o Twitter tem um papel importante contra todos os tipos de conteúdo falso. “Todos os dias e a todos os instantes, nós vemos milhares de jornalistas, especialistas e cidadãos engajados tuitando, corrigindo informações e contestando outras versões em questão de segundos”, destacou. De acordo com Gallo, durante as eleições, diversas ações foram realizadas em parceria com as instituições para coibir a desinformação. Prova do sucesso desse trabalho, segundo ele, foi a constatação da Universidade de Oxford de que o conteúdo político na rede social produzido por fontes profissionais foi o mais compartilhado no Twitter: 50% do total, contra apenas 2% de informações “polarizantes” e conspiratórias.
Transparência contra a desinformação
A gerente de Políticas Públicas do Facebook no Brasil, Mônica Rosina, falou sobre as importantes iniciativas realizadas durante as Eleições de 2018. A pesquisadora também citou estudo de renomadas universidades no exterior que comprovaram ter diminuído a desinformação nessa rede social, a partir das diversas ações realizadas pela empresa. A palestrante lembrou que o Brasil foi o primeiro país a utilizar uma ferramenta de transparência que possibilitava ao usuário verificar informações sobre uma página do Facebook.
Modelo para outras eleições
Último palestrante do evento, o gerente de Políticas Públicas do WhatsApp, Ben Supple, ressaltou que a parceria com o TSE tem servido como modelo a ser replicado em países como Índia e Indonésia. O painelista lembrou que a ferramenta de comunicação tem um viés privado e está baseada em três pilares: empoderar e educar os usuários; atuar contra os abusos de forma efetiva; e trabalhar de maneira proativa e transparente com governos e a sociedade civil. O representante do WhatsApp recordou que nenhum tratamento especial foi dado aos partidos políticos durante o pleito, mas que houve engajamento para que as agremiações utilizassem a plataforma de forma responsável. Ben Supple destacou ainda que, pela primeira vez, com inspiração nas eleições brasileiras, foram realizadas parcerias com empresas de verificação de fatos, que receberam mais de 100 mil rumores durante o período eleitoral no Brasil.