O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) vai requerer à CPI da Covid a quebra dos sigilos bancário e telefônico de Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência.
“É preciso analisar com quem e quando a testemunha conversou com outros personagens chave”, disse o senador, que é suplente da CPI.
Segundo o msn, Wajngarten se esquivou de responder a vários questionamentos de senadores na CPI da Covid. Além disso, apresentou contradições entre o disse em entrevista à revista Veja, no final de abril e o depoimento aos senadores.
“Vou cobrar à revista Veja, se ele não mentiu, que ela se retrate. Se ele mentiu a essa comissão, vou requerer a Vossa Excelência, na forma da legislação processual, a prisão do depoente”, afirmou o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL).
Diante dos senadores, Wajngarten evitou falar em incompetência do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello no processo de compra de vacinas da Pfizer. Em entrevista publicada pela Veja, no entanto, o ex-secretário foi mais direto e usou os termos “incompetência e ineficiência” ao falar sobre as negociações entre o Ministério da Saúde e a Pfizer. “Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando uma negociação que envolve cifras milionárias e, do outro lado, um time pequeno, tímido, sem experiência, é isso que acontece”.
Wajngarten foi questionado várias vezes por Renan sobre quem seria o responsável pelo atraso da aquisição das vacinas da Pfizer e sobre um gabinete paralelo, fora do Ministério da Saúde, de aconselhamento a Bolsonaro sobre a pandemia. Em todas as vezes, ele alegou desconhecer os casos apontados.
“Vossa Excelência é a primeira pessoa que incrimina o presidente da República porque iniciou uma negociação, como secretário de Comunicação, se dizendo em nome do presidente. É a prova da existência disso (de um gabinete paralelo)”, afirmou Renan.
Além da possível negligência do governo em adquirir os imunizantes, integrantes da CPI querem apurar qual o interesse do ex-secretário em agir a favor da Pfizer.
Ao deixar o cargo de ministro da Saúde, em março, o general Eduardo Pazuello insinuou que recebeu pedidos de propina. “Chegou no fim do ano, uma carreata de gente pedindo dinheiro politicamente. Todos queriam um pixulé no final do ano”, disse Pazuello, em seu último discurso.
Questionado na CPI sobre o “pixulé”, Wajngarten desconversou. “Nem sabia que tinha tido isso. Com todo respeito, com toda a verdade, não soube. Não sei nem o que significa pixulé”, disse o ex-secretário de Comunicação.
Foto: Alan Santos.