Após recusar ofertas feitas pela Pfizer desde o ano passado, com entregas previstas para dezembro de 2020, o governo anunciou nesta segunda-feira (8) que 14 milhões de doses da vacina da farmacêutica contra a Covid-19 devem chegar ao país em maio e junho.
A da Pfizer é a única vacina que, até o momento, possui o registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O governo ainda não comprou doses da empresa e vinha impondo resistências sob o argumento de que o laboratório estabelecia condições “draconianas”. A principal queixa do governo era a de que a Pfizer não se responsabiliza por eventuais efeitos colaterais da vacina. O imunizante da farmacêutica já é aplicado em diversos países do mundo.
A Pfizer informou em janeiro que, no ano passado, ofereceu ao governo brasileiro a possibilidade de comprar um lote de 70 milhões de doses de sua vacina em 15 de agosto de 2020, com entrega prevista a partir de dezembro de 2020.
A empresa disse ainda que tinha feito uma série de tratativas para o fornecimento do imunizante ao Brasil, até então sem sucesso.
As vacinas atualmente aplicadas no país são a Coronavac e a Astrazena/Oxford, que têm apenas a autorização para uso emergencial. Especialistas dizem que o ritmo de vacinação no país está lento e prejudica o combate à Covid-19. O Brasil passa pelo seu pior momento em número diário de mortes, disparada de casos e ocupação de leitos desde o início da pandemia.
Segundo o G1, o presidente Jair Bolsonaro teve uma reunião por videoconferência com o presidente mundial da Pfizer, Albert Bourla, na manhã desta segunda. Após a conversa, o assessor especial do Ministério da Saúde, Airton Soligo, relatou os detalhes para a imprensa.
De acordo com Soligo, o acordo que o Brasil costura com a Pfizer previa inicialmente dois milhões de doses em maio e sete milhões em junho. Agora, a negociação avançou para a chegada de mais cinco milhões de doses, que seriam distribuídas entre os dois meses. A antecipação de doses ocorre num momento em que a Pfizer está aumentando a produção global do imunizante.
“O que que o presidente da Pfizer garantiu ao presidente Bolsonaro hoje? A antecipação de 5 milhões do segundo semestre para maio e junho. Ou seja, dos 9 milhões que nós tínhamos previstos, se incorporarão mais 5 milhões de doses, passando para 14 milhões”, disse o assessor especial da Saúde.
Ele disse ainda que a antecipação de 5 milhões pode sair do montante de 10 milhões previsto para agosto. O Brasil negocia com a Pfizer um total de 99 milhões de doses até o fim do ano. De acordo com Saligo, a intenção é tentar antecipar as entregas.
Saligo afirmou que o governo também negocia compras de 30 milhões de doses da vacina da Janssen.
“O mais importante dizer que não é apenas a Pfizer. Também tem 30 milhões da Janssen, que o presidente também terá no mesmo objetivo uma reunião nesse sentido”, completou Saligo.
Em nota, a Pfizer informou que, na reunião, reforçou que considera o Brasil “um dos parceiros mais valiosos e importantes globalmente”. Disse ainda que a empresa “espera seguir avançando para o fornecimento de sua vacina contra a Covid-19 para apoiar o governo brasileiro na preservação da saúde da população brasileira”.
Mais tarde, Bolsonaro postou um vídeo em uma rede social com um trecho da reunião. Ele aparece elogiando a Pfizer e admitindo que o vírus tem demonstrado “agressividade” no Brasil.
“Reconhecemos a Pfizer como uma grande empresa mundial, com grande espaço no Brasil também. Em havendo, repito, possibilidades, nós gostaríamos de fechar contratos com os senhores até pela agressividade que o vírus tem se apresentado no Brasil”, declarou.
Guedes
O ministro da Economia, Paulo Guedes, também participou da entrevista no Planalto. Ele disse que Bolsonaro tratou de aceleração da negociações para dar “escala” à compra das vacinas.
“O presidente Bolsonaro teve uma conversa agora com o presidente mundial da Pfizer. Nós estávamos já negociando há bastante tempo com a Pfizer e havia um problema de escala, nós precisamos de uma escala maior e esse foi o pleito do presidente”, afirmou Guedes no Palácio do Planalto, após a reunião.
Guedes disse que o Brasil obteve “praticamente uma declaração de que o acordo está fechado” com a empresa.
Questionado sobre o que falta, ele afirmou que é a assinatura.
“Esse foi o acordo entre o presidente da República e o presidente da Pfizer. Está fechado. Agora eles vão escrever, assinar”, concluiu o ministro.
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