O filho 03 do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, é tão fissurado em armas que promoveu uma festa em sua casa no Rio de Janeiro para comemorar a chegada de seu primeiro filho com a psicóloga Heloísa Wolf e, para saber se o bebê será menino ou menina, estendeu um varal com bexigas azuis e cor de rosa no quintal e disparou tiros nos balões com uma poderosa espingarda, apesar de estar cercado por inúmeras crianças. Explodiu uma bola rosa. Por sorte, ninguém saiu ferido da brincadeira de mau gosto.

A relação de Eduardo com armamentos é tão intensa, quase que umbilical, que ele acabou virando garoto-propaganda da fabricante de pistolas e fuzis SIG Sauer, com sede na Alemanha e filial nos Estados Unidos, e está fazendo um gigantesco lobby para que essa empresa instale uma fábrica de armamentos no Brasil. Ocorre que a normatização do setor é feita pelo Exército e os militares não estão gostando nem um pouco dessa ingerência do filho do presidente.

O lobby no Brasil não é legalizado e sua prática sempre levanta suspeitas de favorecimento político. Até porque, a nova fábrica só poderá ser instalada no País com o consentimento dos militares. Exatamente por isso, o deputado procura viabilizar uma parceria da empresa alemã com a Indústria de Materiais Bélicos do Brasil (Imbel), uma estatal ligada ao Exército e que necessita de subsídios do governo da ordem de R$ 152 milhões anuais para sobreviver.

Segundo o msn, as negociações estão em andamento e a efetivação da associação comercial dependerá do aval dos dois governos. No caso do Brasil, não haverá problemas porque o pai do deputado, o presidente Jair Bolsonaro, é quem vai autorizar a sociedade. E o capitão tem repetido que deseja que toda a população se arme. “Eu quero todo mundo armado. Povo armado jamais será escravizado”, disse Bolsonaro naquela famigerada reunião ministerial de 22 de abril.

Quebrar o monopólio

Os Bolsonaros sempre deixaram claro, desde a campanha, que desejam acabar com a exclusividade da CBC/Taurus, única produtora de armas no mercado brasileiro. Quando era deputado, Jair Bolsonaro falava em “quebrar o monopólio” da empresa, instalada em Mauá, no ABC paulista. Diziam também que as armas da Taurus são muito caras.

A empresa rebate dizendo que é penalizada com uma carga tributária de 73% que incide sobre a produção de pistolas no Brasil. Eduardo afirma, ainda, que as armas da Taurus são de baixa qualidade. Essa seria a razão que o leva a fazer lobby pela entrada SIG Sauer no País, segundo ele. Em abril do ano passado, Eduardo publicou na sua página do Twitter uma foto com Marcelo Costa, representante da SIG Sauer no Brasil, e um texto dizendo: “Competência e excelência no produto existe, falta a garantia política que o lobby não atochará tantas burocracias para emperrar a instalação”.

Em janeiro, ele publicou fotos nas suas mídias sociais praticando tiro com pistolas da SIG Sauer. E, há duas semanas, visitou o general Alexandre Porto, da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército, para pressionar os militares a fecharem logo o acordo.

Para a SIG Sauer, investir em um país onde o presidente e seus filhos são armamentistas é uma alternativa interessante. Afinal, o governo alemão está endurecendo as leis sobre o porte de armas e a empresa pretende até fechar a fábrica no estado de Schleswig-Holstein. É exatamente em função da restrição alemã que a maior unidade do grupo está instalada em New Hampshire (EUA), com a qual Eduardo negocia.

Essa unidade fornece fuzis e pistolas para as Forças Armadas e polícias americanas. Resta saber se a insistência do deputado Bolsonaro em trazer para o Brasil mais um fabricante de produtos bélicos está ligada à fixação quase que doentia da família por armas ou se ele terá algum benefício pessoal com a iniciativa.

Foto: Ueslei Marcelino.